
Durante 50 minutos, Evandro Wirganovicz negou a denúncia que carrega no processo do Caso Bernardo: a de ter aberto a cova à beira do rio onde Bernardo foi enterrado em Frederico Westphalen. Em depoimento à Justiça de Três Passos, o motorista chorou ao falar dos dois filhos e pediu que a irmã, Edelvânia, pague pelo crime caso seja culpada.
Investigação policial apontou que Evandro teria cavado o buraco junto ao Rio Mico, nas proximidades do local onde mora a sua mãe, em 2 de abril de 2014 - dois dias antes da morte do menino - por motivação financeira. Ele afirma, porém, que, na data, saiu de carro para pescar e que retornou por volta das 22h.
Boldrini nega envolvimento na morte de Bernardo e acusa madrasta: "Ela me traiu"
Veja como foi o depoimento dos quatro réus
Em depoimento à Polícia Civil à época do homicídio, Evandro havia omitido o fato de ter estado na região onde foi aberta a cova. Na audiência desta quarta-feira, afirmou que o fez por "medo". A suspeita da sua participação no crime surgiu após um policial militar avistar o Chevette do motorista estacionado a cerca de 50 metros do local onde foi achado o corpo do menino.
- Peguei oito peixes naquela noite - afirmou Evandro no depoimento, reforçando que a pescaria era um hábito corriqueiro e que tem conhecimento sobre a área por ter se criado na região.
Réus foram recepcionados com gravação de Bernardo pedindo socorro
Mulheres viajam 4h para acompanhar depoimentos do Caso Bernardo
Ao negar envolvimento no crime, o motorista disse acreditar que Edelvânia cavou o buraco - mas que ela nunca afirmou isso a ele. O suspeito garantiu que, assim como ele, a irmã foi criada na fazenda e que tem conhecimento sobre as ferramentas para abrir uma cova na "terra macia" do local.
- Eu não fiz nada. Quem fez tem de pagar. Se ela (Edelvânia) fez, tem de assumir o que fez. Eu boto minha cabeça no travesseiro e durmo. Minha consciência não está pesada, não sou um assassino - completou Evandro.
Durante o depoimento, ouviu-se da sala de audiência os gritos de "assassina" vindos do lado de fora do prédio do Fórum: eram Edelvânia e a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, deixando o local em viaturas da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Antes, as duas foram chamadas para falar à Justiça, mas permaneceram caladas - direito garantido por lei.
Inicialmente, Graciele não respondeu ao juiz Marcos Luís Agostini nem mesmo sua profissão ou endereço. Depois, falou em tom de voz tão baixo que era impossível ouvi-la da plateia. A postura de Edelvânia foi diferente: ela respondeu às questões de apresentação (nome, profissão, endereço) em voz alta e clara, mas se disse impossibilitada de prestar esclarecimentos:
- Eu vim à força. Não tinha condições, estou em tratamento. Só vou falar no dia do júri - afirmou a acusada.
Mais cedo, por mais de três horas, o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, depôs e negou envolvimento na morte do menino.
Veja fotos da audiência: