O ex-diretor da área de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que a compra dos navios-sondas de perfuração marítima, que teriam sido alvo de propina de US$ 30 milhões, foram feitas "fora de procedimento licitatório" e aprovada pela Diretoria Executiva da estatal petrolífera, "composta por seis diretores e o presidente a quem cabe examinar a compra de equipamentos e construção de refinarias e gasodutos".
Na época, o presidente da Petrobras era Sérgio Gabrielli, apadrinhado político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Gostaria de esclarecer de forma espontânea que a aquisição das sondas em questão se deu fora de procedimento licitatório, por ser incabível diante das circunstâncias que cercavam o negócio, que visava atender uma necessidade específica e imediata da Petrobras - disse Cerveró em depoimento de mais de três horas nesta quinta-feira.
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Cerveró afirmou ainda que o negócio teve parecer jurídico da estatal. O ex-diretor, preso desde terça-feira, dia 13, acusado de tentar ocultar patrimônio mesmo depois de denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema multibilionário alvo da Lava Jato. Por meio de indicações políticas, partidos da base do governo (PT, PMDB e PP) controlavam um esquema de corrupção, cujas propinas variavam de 1% a 3%.
Cerveró foi questionado em especial sobre seu envolvimento com outro réu da Lava-Jato, Fernando Baiano. Ele respondeu que "conheceu por volta do ano de 2000, quando era gerente executivo de Energia" da Petrobras e que ele teve participação ativa no negócio das sondas, sabendo que recebeu comissão por isso.
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Trata-se de Fernando Antônio Falcão Soares, apontado como operador do esquema de propina para o PMDB via Cerveró. O ex-diretor diz tê-lo conhecido em 2000 e ter relação de amizade com ele.
- Fernando representava empresas espanholas do ramo de energia térmica - afirmou a quatro delegados da Polícia Federal, que ouvira seu depoimento. Cerveró lembrou que, nesse período, o País passava por uma crise de abastecimento e apontou a Union Fenosa como uma dessas empresas representadas pelo suposto operador do PMDB.
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- Tais empresas tinham interesse em entrar no mercado brasileiro e que outras teriam feitos contatos semelhantes a época - disse Cerveró.
Segundo ele, Baiano continuou atuando na Petrobras, "tendo se dirigido a outras diretorias, como a de Abastecimento e Gás e Energia.
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A primeira, era ocupada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, por intermédio do PP. Preso em março de 2014, ele acabou confessando os crimes e virou delator do caso. A de Gás e Energia era ocupada pela atual presidente da Petrobras, Graça Foster. Cerveró não citou nome no depoimento.
Sua única referência à Graça, foi quando perguntado sobre as transferências de imóveis que fez para as filhas.
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- A atual presidente da Petrobras realizou operações semelhantes, transferindo imóveis aos filhos dela - afirmou Cerveró ao ser questionado sobre as informações veiculadas na imprensa em que o nome de Graça foi citado pela sua defesa.
Acompanhado do criminalista Beno Fraga Brandão, Cerveró negou ter recebido propina nas negociações de navios-sonda, que teriam resultado em uma propina de US$ 30 milhões paga pelo executivo Julio Camargo, delator do processo. Ele afirmou também que suas transações financeiras foram legais e feitas para deixar dinheiro para filha, que mora do Rio, durante sua viagem à Londres.
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