FêCris Vasconcellos: como NÃO chegar em uma mulher

Antes de mais nada, que fique claro: eu sou a favor de chegar nas minas. Pode chegar. Você aí, homem solteiro, desimpedido, com boas ideias, gente boa. Também você, que não preenche a um ou a vários desses pré-requisitos, não somos tão exigentes. Barriguinha ou barrigão; carequinha ou cabeludão; altos, baixinhos, levantadores de peso ou de cerveja: podem vir. A tenteada é livre, como diria meu pai. Mas como se faz isso? Não vou ensinar, vocês são grandinhos. Melhor é dizer como NÃO se faz. 

Não se age com violência. Vou até escrever isso em caixa-alta que é pra não deixar espaço para dúvidas: NÃO TEM NENHUMA DESCULPA PARA UM HOMEM AGIR VIOLENTAMENTE CONTRA UMA MULHER. Parece óbvio, né? Nesse quase 2015, meio século depois de o homem chegar ao espaço sideral, em uma época em que se fala com gente do outro lado do mundo em tempo real e temos a cura para doenças que nem sequer existiam anos atrás. Ainda assim, uma das matérias mais lidas de ZH Digital hoje é sobre um homem que agrediu uma mulher em uma festa porque ela lhe negou um beijo. Não fosse a BARBARIDADE do ocorrido,  há inúmeros comentários que culpam a menina por não ter cedido. No Facebook da própria vítima, há um homem que diz: "A beleza tem seus contratempos". Contratempo? Uma garrafada na cabeça é um "contratempo"? E é culpa da avassaladora beleza da vítima, que obrigou o pobre e indefeso homem a se defender de tão perversa e estonteante ameaça a garrafadas? Outros comentários falam que a culpa é do abuso do álcool, ou de como isso é uma "consequência da balada". Sim, o abuso de drogas - essa e outras - é problemático, mas essa violência não é circunstancial. Ela é cultural.

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Só uma mulher sabe a terrível sensação de ter o cabelo puxado numa festa, como é desagradável sentir a mão de um desconhecido invadindo a sua saia enquanto você passa, o potencial agressivo de um elogio, desejável entre quatro paredes, mas mortalmente aniquilador se gritado do outro lado da rua por um desconhecido para todo mundo ouvir: "GOS-TO-SA". 

Apanhar por negar beijo na boca para alguém é tão absurdo que não dá nem para começar a descrever. O homem agressivo já parte de um pressuposto animalesco e irracional que é da dominação física sobre o sexo feminino. E qual mulher nunca ouviu um "gostosa", respondeu com um "cai fora" e recebeu um "vadia" de volta? Porque para esses homens você só presta se fizer exatamente o que eles querem.