Alvos de vandalismo e vítimas da ação do tempo, 12 monumentos situados no Parque da Redenção serão restaurados por meio de uma parceria entre Secretaria Municipal de Cultura (SMC), Ministério Público e Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS).
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O projeto prevê a lavagem das peças para eliminar micro-organismos e fuligens, a remoção de pichação e aplicação de produto antigrafitagem para prevenir novas pichações e a substituição de peças e placas de bronze por réplicas em material sem valor comercial.
O convênio será oficializado no dia 28 de julho, e a previsão do Sinduscon é de que os trabalhos de restauração estejam concluídos até outubro, com orçamento aproximado de R$ 250 mil.
- A deterioração dos nossos monumentos nos sensibilizou. Vimos que era um problema que vinha se repetindo, então decidimos agir, ao invés de apenas lamentar - comenta o engenheiro Zalmir Schwartzmann, vice-presidente de Relações Institucionais do Sinduscon-RS.
A escolha dos 12 monumentos, de um conjunto de cerca de 40 obras espalhadas pelo Parque Farroupilha, foi feita com supervisão da SMC, que fará a orientação técnica dos trabalhos.
- Obras mais antigas e de maior valor artístico são prioridade, mas temos esperança de que esta iniciativa inspire outras instituições e, com isso, mais monumentos possam ser adotados - diz o arquiteto Luiz Antônio Custódio, coordenador da Memória Cultural da SMC.
A arquiteta restauradora Verônica Di Benedetti, que coordenará a equipe de restauração, salienta que Porto Alegre é uma das cidades com o maior número de esculturas públicas no país, em razão da influência positivista, porém, esse patrimônio está se perdendo.
- Muitas esculturas estão completamente descaracterizadas porque tiveram seus elementos roubados. O projeto ajudará a resgatar o sentido dos monumentos para a população - analisa Verônica.
No ano passado, Porto Alegre recebeu R$ 85 mil do governo federal por meio do PAC Cidades Históricas. A verba permitiu a revitalização de obras da Praça da Alfândega, recentemente concluída. O próximo passo será o restauro de esculturas da Praça da Matriz.
Os 12 monumentos
Cabeça de Chopin
Em homenagem ao sesquicentenário do compositor polonês, foi idealizada por Fernando Corona e inaugurada em 1963, próximo ao Auditório Araújo Viana.
Monumento a Carlos Gomes
Em comemoração ao centenário de nascimento do compositor, foi elaborado por Fernando Corona e inaugurado em 1936. Fica em frente ao espelho d'água do Araújo Viana.
Homenagem a Beethoven
Criado por Fernando Corona em comemoração ao centenário da morte de Beethoven, foi inaugurado em 1927 na Praça da Matriz, e depois removido para o espelho d'água do Araújo Viana, nos anos 1960. Só restou o obelisco.
Busto de Annes Dias
No canteiro em frente à Avenida João Pessoa, em frente à antiga casa do médico Annes Dias, homenageia o clínico e cirurgião honoris causa da Faculdade de Medicina de Santiago do Chile.
Busto de Licínio Cardoso
Em homenagem ao homeopata Licínio Cardoso, fica no canteiro em frente à Avenida João Pessoa e foi inaugurado em 1952.
Busto de Samuel Hahnemann
Desde a inauguração, em 1943, anualmente, a Liga Homeopática do Rio Grande do Sul comemora o Dia da Homeopatia no local. Porém, a obra foi roubada em janeiro deste ano. Será feita uma réplica do original.
Os Lusíadas
Homenagem da prefeitura ao quarto centenário do poema de Luís de Camões, foi inaugurado em 1972. Está no canteiro em frente à Avenida João Pessoa, na altura da Rua Luis Afonso, em um suporte de concreto.
Homenagem aos Mortos em Combate ao Comunismo
Conjunto de totens distribuídos no entorno do Monumento do Expedicionário. Inaugurado em 1937, homenageia os mortos do lado legalista que lutaram na Intentona Comunista, em 1935.
Coluna Brasileira
Feita de granito rosa porto-alegrense com um capitel jônico, a obra de 1940 é de autor desconhecido e fica entre árvores perto da Avenida João Pessoa.
Obelisco da Comunidade Sírio-libanesa
Com sete metros de altura no meio do Parque Farroupilha, foi inaugurado em 1935 entre as avenidas João Pessoa e Setembrina, sendo deslocado, nos anos 1970, para a construção do Viaduto Imperatriz Leopoldina.
Obelisco da Comunidade Israelita
Homenagem da comunidade judaica ao centenário da Revolução Farroupilha, está na Avenida Osvaldo Aranha, ao lado do Instituto de Educação Flores da Cunha. A obra é de 1935.
Monumento ao Expedicionário
De autoria de Antônio Caringi, o monumento inaugurado em 1957 representa um duplo arco do triunfo com esculturas em relevo em homenagem aos pracinhas da II Guerra Mundial.
Fontes: Amrigs, Prefeitura de Porto Alegre e A Escultura Pública de Porto Alegre: História, Contexto e Significado (José Francisco Alves, 2004).