Saiu do forno a mais nova pesquisa sobre vitimização da violência feita em Canoas, na Região Metropolitana. Os dados impressionam: 54% das pessoas atingidas por delitos não registram ocorrência na Polícia Civil. São crimes que passam em branco, podem jamais ser esclarecidos e não permitem o correto mapeamento das zonas mais atingidas por crimes, já que, oficialmente, não existem.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Leia todas as notícias de polícia
O curioso é que essa subnotificação já foi pior. Em 2009, a primeira pesquisa do gênero apontou que 63% dos crimes não eram registrados em Canoas. "Por que não dá em nada, mesmo", justificaram 65% dos entrevistados. Hoje, o número diminuiu para 52,8%.
Outros dados também comprovam uma melhora na sensação de segurança em Canoas. Em 2009, 79,2% consideraram as polícias Civil e Militar "ineficiente ou muito ineficiente". Agora, são 42%. Por trás desse aumento de confiança podem estar alguns experimentos na área de segurança pública feitos nos últimos anos, como os Territórios da Paz (zonas de policiamento comunitário intenso, criadas nos bairros Guajuviras e Mathias Velho, os mais violentos). Eles contam com sensores de tiros (para que a polícia chegue rápido ao local), muitas câmeras de videomonitoramento e projetos de inserção social, como áreas de esporte para jovens carentes.
Mesmo baixo, o grau de comparecimento dos canoenses às delegacias, em média, é bem maior do que os brasileiros em geral, mostram pesquisas a respeito. Apenas 19,9% das vítimas de crimes no país procuraram a polícia para registrar as ocorrências. O dado positivo é que, destas, 54,6% afirmam ter ficado satisfeitas com a atuação policial.
Os números são da primeira edição da Pesquisa Nacional de Vitimização, divulgada em dezembro passado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Ou seja, a situação em Canoas parece ser bem melhor que a nacional. Cidades como Esteio, na Grande Porto Alegre, também exibem alguns índices melhores que os nacionais: 63% denunciam roubos, por exemplo. Bom saber que o grau de conscientização parece estar melhor que a média, entre gaúchos.