
Um furto alterou a rotina e abateu o espírito do comerciante aposentado José Francisco Grassi, de 82 anos. Não levaram dinheiro ou carro, mas o seu animal de estimação: Mimosa, que, apesar de ter nome de vaca, é uma égua.
- Ele não quer mais ir para o sítio, está mais quieto e anda todo jururu - conta a mulher, Lurdes.
- Dorme o dia inteiro. Está melancólico - complementa Luciana, a filha.
Grassi é mais dramático ao falar do furto ocorrido no dia 17 de maio em seu sítio em Viamão:
- Tiraram um pedaço da minha vida.
A família está preocupada com o animal e com a situação de Grassi, que tinha uma relação de afeto com o bicho e agora anda com o sono abalado pela preocupação:
- Há muitas lendas, mas a que mais me preocupa é a de que matariam ela e mandariam a carne para França.
Conforme os familiares, Mimosa vivia em um sítio no Beco da Olaria, 900, a quatro quilômetros de Viamão. Era grande. Possante. Com pelo brilhante cor de pinhão - "de quem come ração boa". Mas, exceto por marcas brancas nas duas patas traseiras, não tem nenhuma marca distinta - o que dificulta os trabalhos de recuperação.
- Na última sexta-feira, fizemos outra busca. Há muitos sítios de hotelaria de cavalo, levamos foto para comparar e não a encontramos. Como ela não tem marca, estamos só pela pelagem - explica o inspetor da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, Mário Philippsen.
Philippsen conta que a polícia espalhou fotos pela região e que também rodou por sítios menores. O autor do furto teria montado sem cela e andado pelas estradas que chegam até o centro de Viamão. O policial diz que há casos de roubo de ovelha e gado na região de Águas Claras, mas que é a primeira vez que ele acompanha um caso envolvendo uma égua.
Conforme Luciana, no início do mês houve outra tentativa de roubo do animal, cujo valor pode chegar a R$ 4 mil, mas a polícia chegou a tempo para evitar o pior.
- Havia muitas pessoas que queriam comprá-la, mas eu não queria vendê-la - revela o aposentado.
Mimosa tinha quatro anos. Ficava solta no terreno e comia, segundo a família, apenas ração para cavalos. Dócil e mansa, era capaz de conhecer o dono à distância e se aproximava ao ouvir a voz de Grassi, que a visitava três vezes por semana. Nos outros dias um vizinho a alimentava.
O ex-comerciante a considerava seu animal de estimação e cuidava do bicho havia quatro anos. Com a voz melancólica, ele resumiu o sentimento que leva nesses 16 dias de separação:
- Eu queria vê-la viva novamente.
* Zero Hora