
Em 2014, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul recebeu, em média, mais que o dobro de chamadas para desativar possíveis artefatos explosivos do que no ano anterior. Em todo 2013, foram 44 chamadas, com uma média de 3,6 por mês. Nos primeiros cinco meses de 2014, houve 38 registros de ameaças, cerca de 7,6 mensais. Deste número, 22 foram confirmadas, e os materiais tiveram de ser explodidos por soldados do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Em 2013, 28 ameaças se confirmaram.
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- Na maioria dos casos, são explosivos normalmente usados por criminosos. Eventualmente temos brincadeiras de mau gosto em escolas, aeroportos e empresas. Há casos também em fóruns para cancelamento de audiências. Por medidas de segurança, bloqueamos as imediações e adotamos o que é preciso - explica o major Douglas Soares, comandante da Companhia de Operações Especiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE).
Segundo ele, a primeira triagem é feita pelo batalhão de polícia da área. Se a suspeita realmente for procedente, como a da última segunda-feira no Centro de Porto Alegre, o Gate vai até o local, isola o entorno para evitar que alguém seja ferido e analisa o material. Na noite de ontem, uma mala foi deixada no Viaduto Otávio Rocha. A Brigada foi acionada porque haveria uma bomba dentro da mala, fato não confirmado.
Na terça-feira passada, duas malas foram encontradas na Rua João Alfredo e na Avenida Loureiro da Silva, bairro Cidade Baixa. O segundo caso em menos de uma semana mobilizou a polícia e trancou o trânsito, mas foi tratado como uma coincidência pela Brigada Militar. A Polícia Civil sustenta que se tratam de furtos corriqueiros.
- Sempre tivemos ameaças assim. É óbvio que em grandes eventos, como o que estamos prestes a receber (a Copa do Mundo), alguém pode fazer uma brincadeira. Não existe um alarde. Só para você ter uma ideia, na cidade de São Paulo, em média, são três chamados de bomba por dia - salienta o major Douglas Soares.
Polícia garante que Capital está preparada para a Copa
Quando há uma ameaça de bomba, é preciso seguir um protocolo: isolar a área, chamar o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Na segunda-feira, um aparelho de raio-x foi usado para interpretar o que havia dentro da mala no Viaduto Otário Rocha. Após analisar a imagem, o Gate abriu o objeto e confirmou que o conteúdo era formado por roupas.
A Brigada Militar garante estar preparada para qualquer atentado a bomba em Porto Alegre durante a Copa do Mundo. Soares diz que a Capital atende a requisitos internacionais desde o início de 2013:
- Treinamos pessoas e adquirimos equipamentos, como raio-X e trajes antibomba. Hoje temos condições de atender duas ocorrências ao mesmo tempo em locais diferentes da cidade. As equipes estão de prontidão para atuar na hora.
A polícia ainda não tem suspeitos para as três malas deixadas no Centro e na Cidade Baixa na última semana, mas ressalta que a relação entre os casos será investigada. O delegado Paulo César Jardim, da 1ª DP, acredita que o mesmo ladrão pode ter abandonado o material.
- Isso sempre aconteceu, faz parte da história da hotelaria do Rio Grande do Sul. A Cidade Baixa tem muitos hoteis, muitas hospedagens, os hóspedes chegam, começam a descarregar os carros, colocam as malas nas calçadas e são furtadas, As pessoas são descuidadas.