Adriana Irion
Processado criminalmente por 242 homicídios e pela tentativa de homicídio de centenas de outras pessoas, Elissandro Spohr, o Kiko, um dos proprietários da Boate Kiss, em Santa Maria, rompeu o silêncio e falou por três horas com Zero Hora no início da noite de quinta-feira - a primeira entrevista a um jornal desde que a tragédia ocorreu.
Em Porto Alegre, no escritório do advogado Jader Marques, Kiko admitiu que tem responsabilidade nos fatos ocorridos em Santa Maria em 27 de janeiro, acusou os órgãos públicos do município e do Estado de não cumprirem com suas obrigações e questionou a perícia que apontou a espuma do palco - colocada por ordem dele - como a causa da maior tragédia do RS e uma das principais do Brasil.
Ao contar que se tornou dono da Kiss quase por acaso, admitiu que desconhecia a capacidade da casa e a obrigação prevista em lei de que funcionários recebessem treinamento de prevenção e combate a incêndio. Em sua entrevista, Kiko diz não se surpreender em ter se tornado o inimigo número 1 das famílias das vítimas, que se mobilizam pela sua condenação.
- A Kiss era o Kiko - afirmou o empresário, 30 anos completados na prisão, pai de uma filha de cinco meses.
Os familiares de centenas de vítimas estão organizados para apoiar uns aos outros e formam um bloco consistente em busca de mudança de leis e de procedimentos. A principal expectativa atualmente é de que o Ministério Público revise o inquérito civil de improbidade e inclua no banco dos réus servidores da prefeitura de Santa Maria. Dois novos inquéritos estão sendo feitos pela Polícia Civil e podem embasar um novo posicionamento do MP que, ao ingressar com ação de improbidade, excluiu agentes da prefeitura da lista.
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