O início da operação do trem ao centro de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, vai atrasar em pelo menos 11 meses. O contrato previa o fim das obras para setembro de 2012. Ainda no ano passado um aditivo jogou a data para o próximo mês de fevereiro, mas a direção da Trensurb já sabe que esse prazo não será cumprido. Agora, um novo aditivo prevê operários na cidade até agosto.
A estimativa é de que a venda de bilhetes possa começar no segundo semestre. Após a conclusão da obra, tocada pelo Consórcio Nova Via, ainda serão instalados sistemas e feito um período de testes. O certo é que o esticamento dos prazos significa aumento de preços. O custo do empreendimento, com a atualização desse mês de janeiro e incluindo obras separadas com a remoção de famílias, chega a R$ 953 milhões.
Os primeiros operários chegaram ao canteiro no início de 2009. A previsão era de que no início desse ano a linha já estivesse entrando em fase de testes. Segundo a Trensurb, isso não aconteceu devido a mudanças no projeto ocorridas com a obra em andamento. A última alteração, com consequente mudança no prazo para agosto, foi a necessidade de instalação de um novo Centro de Controle Operacional.
- Temos um equipamento em uso hoje e o projeto previa a colocação de mais um módulo no Centro de Controle para atender Novo Hamburgo. No entanto, a empresa fabricante já não comercializa mais esse módulos, e será necessário mudar todo o sistema - explica Fantuzzi.
Entre as mudanças no projeto estão também a construção da estação Industrial, que no projeto teria apenas as fundações concluídas, o alargamento da calha do arroio Luiz Rau em Novo Hamburgo, e obras viárias em São Leopoldo. Fantuzzi, no entanto, nega que tenha havido falhas no planejamento da obra.
- É um projeto de mais de 10 anos, é normal que se tenha adequações. Além disso, as prefeituras hoje são mais atuantes pedindo melhorias no entorno, que são importantes, mas fazem os prazos serem modificados - ressalta.
Preço aumentou 174%
Desde 2001, quando a obra foi licitada, o preço dela é corrigido a cada início de ano. Isso significa que até fevereiro de 2008, data em que foi assinada a ordem de início do projeto, o empreendimento aumentou de valor sem que houvesse canteiro de obras.
Há 12 anos o valor previsto para a obra no acordo com a construtora era de R$ 323 milhões. Hoje, esse valor é de R$ 886 milhões. De acordo com a Trensurb, apenas 24,82% desse valor vem de acréscimos na construção, com a ampliação do projeto. Todo o restante é decorrente de correções devido ao tempo transcorrido entre a elaboração do contrato e o final da obra.
- Essa correção está prevista em lei, e consta no contrato. Sempre que um novo ano de contrato é iniciado, os valores são revistos. Tanto que nos primeiros, em que o contrato foi discutido com o Tribunal de Contas, o preço aumentou sem obras - explica o coordenador das obras de expansão da Trensurb, Lino Fantuzzi.
Entenda o caso
2001 - Extensão até Novo Hamburgo é licitada
2002 - É anunciado o Consórcio Nova Via como vencedor da licitação e o Ministério Público Federal impetra Ação Civil Pública contra o edital
2003 - O Tribunal de Contas da União determina a anulação do processo licitatório. A Trensurb apresenta, junto ao TCU, recurso tentando reverter a decisão
2004 - A decisão do TCU é revista e a licitação mantida. É determinado que a Trensurb apresente um novo orçamento atualizado
2005 - A Trensurb encaminha um novo orçamento, questionado novamente pelo TCU
2007 - O Tribunal de Contas da União libera o início das obras
2008 - Governo anuncia liberação de recursos para a obra, mas ainda insuficientes
2009 - As obras são iniciadas. A previsão inicial é de que até o final de 2010 a primeira parte da extensão seja inaugurada
2012 - As duas primeiras estações entram em operação comercial, 18 meses depois do previsto no início do projeto. A previsão de finalização é fixada em dezembro de 2012
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