Gustavo Brigatti
Foi-se o tempo em que os videogames eram considerados entretenimento de segundo escalão, indignos até mesmo de ocupar a TV da sala. Dos aparelhos toscos de antigamente aos consoles de última geração, os games foram abocanhando uma fatia cada vez maior da bilionária indústria cultural, além de se tornarem uma ferramenta com possibilidades virtualmente infinitas de aplicação em outras áreas.
O cinema foi o meio que sentiu antes o potencial dos games para invadir outras mídias. Hoje os personagens de games são tão onipresentes nas telas que inverteram a lógica dos jogos derivados de produções cinematográficas _ agora são os filmes que correm atrás dos jogos de sucesso. Nos últimos tempos, os videogames ganharam força para se infiltrar na cultura pop também através da literatura e da música _ ao mesmo tempo em que começaram a ser adotados em áreas como a educação, a medicina, o terceiro setor e até o meio corporativo.
_ O videogame é uma carreira, uma cultura, uma indústria, um ferramenta narrativa, um meio de criação e expressão dos mais ricos que temos _ crava Renato Bueno, editor-chefe da versão brasileira do portal Kotaku, uma das maiores referências da cultura gamer na internet.
A tendência de utilizar a lógica dos videogames fora do seu ambiente ganhou um nome que se popularizou a partir de 2010: gamificação. Rapidamente, o termo ganhou força para explicar as diferentes aplicações que os games poderiam ter mesmo no cotidiano de quem nunca havia pego num joystick.
_ Os games fazem tanto sucesso porque promovem desafios à altura do competidor, dão feedback rápido e oferecem recompensas. Isso gera engajamento, que é o que qualquer empresa busca em seus colaboradores _ explica Sunami Chun, diretor da Aennova, empresa que desenvolve jogos para ambientes corporativos.
Ian Bogost, teórico e pesquisador de videogames do Georgia Institute of Technology, autor do livro How to Do Things with Videogames (Como fazer as coisas com videogames, numa tradução literal), acredita que os videogames serão tão onipresentes no futuro que ninguém mais notará a sua presença. Todos, de alguma forma, estarão fazendo uso deles, seja consumindo música de uma outra maneira, seja testando um novo cosmético.
_ É assim que eu vejo a maior influência dos jogos: através deles, faremos as mesmas coisas que sempre fizemos, só que de maneira diferente.