Daniel Feix
Talvez nem faça bem levar os filmes de rock assim, a sério, mas um mapeamento histórico e uma análise em conjunto do que se produziu em 50 anos permitem conclusões consistentes sobre o que estes filmes têm a dizer da cultura pop e do contexto em que eles foram feitos. Em meio a frases de efeito e um humor às vezes certeiro, noutras apenas bobo, é o que consegue o crítico musical britânico Garry Mulholland em Popcorn - O Almanaque dos Filmes de Rock.
A edição caprichada da Seoman, com prefácios de Kid Vinil e Rubens Ewald Filho, valoriza ainda mais o livro que chegou recentemente ao Brasil e é desde já uma referência no assunto. Além de um ensaio de apresentação e de uma lista com os 20 títulos preferidos do autor, preenchem suas 448 páginas resenhas de cem longas-metragens significativos sobre o rock - ou com o espírito rock - produzidos nos EUA ou na Grã-Bretanha. "Não são os cem maiores filmes de rock porque alguns deles são medíocres", mas "dizem algo importante sobre a impressão causada pelo gênero musical sobre o planeta", escreve Mulholland.
Tudo está dividido por décadas, o que permite vislumbrar os longas em conjuntos relativamente uniformes. Nos anos 1960, por exemplo, há o otimismo juvenil misturado com a fúria contra o mundo adulto, enquanto nos 1970 há uma clara ressaca sessentista e, nos 1990, uma série de homenagens a astros roqueiros e "um onipresente prazer cínico pelo fato de alguém ter pensado que a música pop era politicamente importante", conforme o autor.
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