Um hábito oriental que tem arrebanhado novos adeptos no Brasil nos últimos anos está na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Prejudicial à saúde como o cigarro, o narguilé, uma espécie de cachimbo dágua de mesa, pode ter de sair de cena em todo o país a partir de março de 2014, quando entrará em vigor decisão do órgão que proíbe o uso de aditivos no fumo.
Será o fim dos sabores e aromas que atraem os simpatizantes do costume. A ausência do aditivo no tabaco deve afastar os usuários. Frequentador assíduo de um bar da Capital que oferece narguilé aos clientes, o estudante de Administração Daniel Ribeiro, 23 anos, busca na antiguidade do costume argumentos para criticar a proibição de aromas no fumo:
- O narguilé é uma coisa para compartilhar com amigos, tem de ter um motivo para fumar. Tem de regularizar o aditivo no cigarro, mas o narguilé é milenar.
O aumento no consumo e a mudança no perfil de quem compra o fumo para o narguilé são comprovados por donos de tabacarias. Se em décadas passadas as vendas eram restritas a pessoas com mais idade, normalmente com ascendência árabe, hoje a maior parte do tabaco é vendida a jovens entre 20 e 30 anos, conforme Tereza Christina Lena, dona de estabelecimento no bairro Floresta. O alvo da Anvisa com a proibição são exatamente os novos fumantes, atraídos pela presença dos aditivos.
Gerente de uma das principais distribuidoras de tabaco do Estado, Oswaldo Augusto Vaz Junior lamenta a decisão. Há 25 anos no ramo, o empresário acredita que a nova norma fará com que a demanda seja abastecida pelo mercado informal. Em dois anos, a venda das pequenas caixas com 50 gramas do produto quase dobrou.
O pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva alerta que, por trás do cheiro agradável, há risco à saúde.
- Aquela passagem pela água não tira quase nada dos produtos tóxicos, só refresca a fumaça.