Depois de um longo dia de trabalho, o grupo de brasileiros que estava na Estação Comandante Ferraz, na Antártica, queria descansar e relaxar um pouco na noite de sexta-feira. Os três pesquisadores gaúchos da Unisinos, liderados pelo biólogo Cesar Rodrigo dos Santos, tinham passado o dia coletando sangue de 30 pinguins, material que já estava armazenado em um freezer. Enquanto aproveitavam peixes fritos, pescados e preparados por alguns colegas, a equipe comemorava as realizações do dia e o aniversário de um dos membros.
- Era um dia especial - contou Santos.
Foi quando houve uma queda de luz, por volta da 1h (2h de sábado pelo horário de Brasília). Santos e um físico gaúcho que pesquisa ondas eletromagnéticas aproveitaram para observar estrelas. Ao saírem da estação, viram o incêndio na casa de máquinas:
- A gente viu um clarão e voltou correndo e anunciando o incêndio, mas na hora que a gente viu, o fogo já estava alto.
A equipe de combate a incêndio partiu, então, para colocar as roupas especiais e iniciar o combate às chamas. A preocupação maior era evitar que o fogo se alastrasse e atingisse os tanques de óleo, usados no gerador de energia, pois isso poderia causar uma explosão.
Enquanto começava o combate ao incêndio pelo grupo base, os pesquisadores acordaram a parte do grupo que já estava dormindo. Todos foram para um laboratório de química utilizado como refúgio fora da estação. Nesse momento, algumas pessoas conseguiram telefonar para suas casas e comunicar que passavam bem. Ainda que muito assustados e sabendo da perda de dados de seus projetos, os pesquisadores estavam felizes por não terem perdido ninguém. Foi quando veio a informação da morte do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos.