A equipe do Projeto Toninhas registrou a presença de um filhote albino de toninha (espécie de golfinho) na Baía da Babitonga, em São Francisco do Sul (Santa Catarina). Este é o primeiro caso documentado de albinismo para esta espécie.
Os biólogos do projeto registraram pela primeira vez o animal no dia 29 de outubro, depois ele foi visto mais duas vezes. No entanto, as fotos só foram divulgadas nesta quarta-feira, após uma grande pesquisa feita pela equipe.
- Fizemos uma ampla pesquisa e não não tivemos notícia de outro registro em todo o mundo - destaca a bióloga do Projeto Toninhas, Camila Meireles Sartori.
De acordo com ela, a toninha albina deve ter nascido em outubro, na própria Baía da Babitonga, e ainda é um filhote. O animal fotografado ao lado dela é possivelmente sua mãe. A região é utilizada habitualmente por esta população para reprodução, alimentação e descanso.
O albinismo se caracteriza pela pouca ou nenhuma pigmentação nos olhos, pele e/ou pelo (quando presente) dos animais. É uma condição herdada geneticamente. A equipe acredita que o animal conseguirá se desenvolver.
- O maior problema enfrentado pelos animais albinos é que eles são fáceis de serem depredados, pois não conseguem se camuflar. Como aqui na região onde ela foi registrada não há predadores naturais de toninhas - tubarões e orcas - ela deve conseguir sobreviver - explica Camila.
No entanto, ela ressalta que animais albinos tem problemas com exposição ao sol.
- Como ele tem que vir várias vezes a superfície para respirar, não sabemos ainda o que pode acontecer - esclarece.
A equipe seguirá acompanhando o animal. A cor desta toninha poderá sofrer algumas alterações ao longo do tempo, adquirindo um tom acinzentado ou rosado. Filhotes de toninha são totalmente dependentes da mãe até aproximadamente um ano de vida e se alimentam exclusivamente do leite materno até os seis meses, quando passam a ingerir pequenos peixes. No Brasil, já houve o registro de filhotes albinos de baleia-franca (Eubalaena australis) em Santa Catarina e de um adulto de boto-cinza (Sotalia guianensis) no Rio Grande do Norte.
Projeto Toninhas
O Projeto Toninhas, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, desenvolve atividade de pesquisa e educação ambiental voltadas à conservação das toninhas, que é a espécie de golfinho mais ameaçada de todo o Atlântico Sul Ocidental. Suas linhas de atuação incluem estudos sobre distribuição, dinâmica populacional, padrões de residência, uso de habitat e comportamento, além da análise de parâmetros biológicos a partir de animais encontrados mortos na região.
Em outubro deste ano o projeto realizou a captura e marcação de cinco indivíduos da população da Babitonga com o uso de transmissores satelitais. O projeto recebe visitantes no Espaço Ambiental Babitonga, em São Francisco do Sul.
A importância da Baía da Babitonga para a conservação da espécie foi um dos motivos que levou o governo e instituições locais a propor a criação de uma unidade de conservação na área, de uso sustentável. Espera-se que em breve este processo seja retomado. A Baía da Babitonga abriga uma população residente de toninhas, que já vem sendo estudada há mais de dez anos.
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