Léo Gerchmann
Estão definidos data, horário e até o clima de um fato histórico: às 6h de amanhã, 28 de outubro, uma sexta-feira cuja previsão é de céu azul e temperatura amena, o Guaíba voltará a ser navegado por barcos destinados a passageiros que transitam entre Porto Alegre e Guaíba.
Nesse horário, o catamarã vai zarpar do Terminal Hidroviário de Porto Alegre, localizado no Armazém B3 do Cais Mauá, com destino a Guaíba.
Hoje, na véspera, haverá, para autoridades, a inauguração solene esperada há mais de 50 anos: às 14h30min, o governador Tarso Genro vai tomar a palavra para celebrar a retomada do transporte hidroviário para passageiros. Os dois barcos, o Carlos Nobre e o Ana Terra, são modernos seguros e confortáveis - Zero Hora participou de um passeio no último dia 12.
O serviço oferecido pela CatSul - empresa gaúcha que venceu a licitação para operação da Travessia - começa nos terminais de passageiros, com salas de embarque climatizadas. Nos barcos, TVs, 120 poltronas e acesso à Internet.
A aquisição das passagens pode ser feita com até 30 dias de antecedência, nos 14 horários oferecidos em cada sentido da viagem. O trajeto entre a sala de embarque e o catamarã é feito em passarela coberta, evitando que os passageiros fiquem expostos a sol e chuva.
O catamarã é um barco com dois cascos, o que significa estabilidade - quando ZH participou da demonstração, havia um vento que tornava o rio levemente turvo, mas isso não interferiu na tranquilidade da navegação, que conta com GPS e alcança a velocidade de 46 km/h. A viagem dura cerca de 20 minutos.
O acesso e aos terminais e a saída são feitos por rampas. Há, também, assentos exclusivos para portadores de necessidades especiais, cintos de segurança para cadeirantes e espaço para cinco bicicletas.
Até que se chegasse neste momento histórico, foram sete tentativas em 30 anos para o transporte fluvial de passageiros entre Porto Alegre e Guaíba. Antes da inauguração da Ponte do Guaíba, em 1958, as duas cidades já estiveram servidas por um serviço semelhante.
A linha ia de Guaíba à Vila Assunção. As últimas cinco barcaças eram sobras de guerra compradas dos Estados Unidos em 1948. Tinham convés baixo e acesso pela proa. Uma peculiaridade é que também faziam o transporte de veículos. Em 1953, as barcas transportavam anualmente 220 mil veículos (ônibus, caminhões, automóveis e carroças) e 780 mil passageiros. O trajeto era de 20 minutos, como agora, mas a operação de carga e descarga levava cerca de 40 minutos. Depois da inauguração da ponte, o serviço foi visto como supérfluo e acabou desativado.
Para o futuro, a administração de Guaíba e a Catsul já pensam em aperfeiçoar o sistema. A intenção da prefeitura é oferecer integração tarifária entre os serviços de ônibus e de barco, para que moradores de bairros distantes tenham nas barcas uma alternativa economicamente interessante.
Já a CatSul, que pretende transportar 2 mil passageiros por dia, projeta novas braçadas: a expectativa é de que, em seis meses, haja a criação de um terminal na frente do BarraShopping, junto ao antigo Estaleiro Só.
Serviço:
A venda de passagens para a hidrovia entre Porto Alegre e Guaíba começa já hoje. Os locais de venda de bilhetes e de embarque e desembarque são os terminais hidroviários.
- Porto Alegre - no armazém B3 do Cais Mauá. Pedestres podem chegar ao terminal pelo túnel sob o Trensurb, com acesso pelo calçadão da estação Mercado.
- Guaíba - o terminal é Hidro-Rodoviário, na antiga Estação Rodoviária, Avenida João Pessoa 966, Centro, no final do calçadão.
Para facilitar a escolha do passageiro, uma tela de TV informa o número de passagens já adquiridas para cada horário.
O preço da passagem é de R$ 6 de segundas a sextas-feiras e de R$ 7 aos sábados, domingos e feriados. O pagamento pode ser feito em dinheiro e cartões de débito do Banrisul, Visa e Mastercard. Haverá 14 horários com intervalo de 60 minutos, em cada sentido, de segundas a sextas-feiras.