É no fundão do pampa, onde as coxilhas se desdobram vertiginosas de encontro ao horizonte e o vento traz os ecos de primitivas batalhas entre gaúchos a cavalo, que prospera um povo de olhos azuis faiscantes, cabelos nevados e a obsessão pelo trabalho e o estudo. São os menonitas - seguidores do sacerdote Menno Simons -, grupo religioso que se consolidou na Suíça, Holanda e Alemanha, no início do século 16.
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Os colonizadores chegaram aonde o pampa é mais solitário em setembro de 1949. Vindas de Santa Catarina, 86 famílias de menonitas alemães fundaram a Colônia Nova, no então distrito de Aceguá (município de Bagé), próximo à fronteira com o Uruguai. Fatiaram uma estância de gado de 2.256 hectares em pequenos lotes, começaram a rasgar os campos com o arado, a adubar as lavouras com o suor.
Em 1992, ZH mostrou a pujança de Colônia Nova: amplas casas guarnecidas por jardins, caminhonetes na garagem, celeiros forrados, rebanhos de vacas holandesas garantindo a produção de leite da Cooperativa Agrícola Mista Aceguá (Camal), crianças na escola, um hospital para amparar os doentes. O cenário lembrava os filmes sobre os amishs - ramo menonita - dos Estados Unidos. Pois os "alemães", como são chamados entre a gauchada, progrediram ainda mais.
- Foi necessário criar outra colônia, a Pioneira - diz o pastor da Igreja Evangélica Menonita de Colônia Nova, Harry Janzen, 66 anos, guardião da memória da colonização em solo gaúcho.
Formada em 1998, a Colônia Pioneira acolheu filhos da Colônia Nova que ficaram sem terra com a multiplicação das famílias. Alguns duvidaram que conseguiriam pagar pela área de 4.022 hectares - partilhada em 80 lotes - somente produzindo leite naquele descampado. Não apenas estão honrando as dívidas, como se desenvolvendo. Waldemar Hubert, 48 anos, líder da Pioneira, entrega 500 litros ao dia. O filho Lucas, 14 anos, ajuda na ordenha mecânica.
- Viemos em busca de terra. Os meus pais possuíam 30 hectares em Colônia Nova, mas tiveram 10 filhos, não havia área para todos - conta Hubert.
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