
Tem virado rotina para Daniel Cargnin chegar das competições e ser recebido com um churrasco nas dependências da Sogipa. A tradição foi criada por João Derly para todo atleta que conquista medalha em campeonatos importantes no judô.
Nesta segunda-feira (23), Cargnin foi recebido no clube após ser vice-campeão mundial em Budapeste na última semana.
E se a conquista já é especial, fica ainda mais saborosa com as carnes assadas pelo ex-judoca da Sogipa e duas vezes campeão mundial na categoria 66kg.
Entre as fotos, um pedaço de matambrito de porco e um assado de tiras, Cargnin falou sobre a conquista da medalha de prata na Hungria e sobre o aprendizado do último ciclo olímpico até Paris.
— Eu estou muito feliz, mas eu não posso cometer os mesmos erros do ciclo passado. Eu medalhei no Mundial (foi bronze em 2022) e, de certa forma, relaxei. As coisas não aconteceram como eu queria, então é botar a cabeça no lugar e ver o que eu errei, acertei e voltar a ser o mesmo Daniel — disse em entrevista ao Grupo RBS.
Da idolatria à parceria
A relação entre Cargnin e Derly era de idolatria, mas atualmente pode ser definida como parceria. O ex-judoca foi peça fundamental na retomada do jovem atleta após a eliminação na Olimpíada de Paris.
— O João é um cara que manda bem no churrasco e mandava bem no tatame, tanto é que foi campeão mundial. Um cara que foi minha inspiração como atleta — afirma Cargnin.
O judoca agradeceu o apoio de João Derly após os Jogos Olímpicos.
— Eu nunca fui de ter muitos ídolos, e eu falo: "Se tem alguém que eu posso chamar de ídolo, é ele". Depois de Paris, me ajudou muito. Ele viu como eu estava, principalmente de cabeça ele me abraçou e falou "vamos junto".
Ciclo de lesões
A medalha de prata vem depois de um ciclo com lesões. Em outubro de 2023, Daniel fraturou a fíbula do tornozelo esquerdo na semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, o que prejudicou sua preparação olímpica.
Após os Jogos de Paris, ele fez uma cirurgia no ombro esquerdo e também retirou uma placa que havia sido colocada em seu tornozelo.
— Acho que o momento mais desafiador para mim foram as lesões, né? Porque é algo que não está no nosso controle. Acho que encarar os desafios de cabeça erguida. É uma coisa até um pouco clichê, mas a resiliência de saber que vão ter dias ruins, mas que eu vou sobreviver a isso. Independente de ganhar ou perder, era algo que eu estava tendo dificuldade. Eu só queria ganhar, ganhar, ganhar, ganhar — finalizou.