
Vanducir dirigiu ônibus por quase toda a vida. Tatiane também tem seu ganha-pão guiando veículos pelas ruas. Ricardo constrói casas. Jardel pode cuidá-las, limpá-las ou só ficar na frente mesmo. Vandrey e Massena cantam na noite.
Seis vidas aparentemente distintas, mas que ilustram a situação de outras milhares. Pessoas que, com uma dose de iniciativa, empreendedorismo e sorte, trabalham com o que amam em algum momento do dia e garantem uma renda extra, ajudando no sustento da família.
São apaixonados pelo futebol. Não o da elite, dos milhões, dos estádios lotados. Nem o da classe baixa, dos tostões, das arquibancadas vazias. Nem mesmo do futebol de várzea, mas aquele dos campeonatos de final de semana com ex-jogadores e cachês. São os que mantêm vivos o futebol do sonho, da infância. São os amadores profissionais.
Altas cifras
O número não é oficial porque é impossível medi-lo. Mas estima-se que a capital gaúcha tenha pelo menos 6 mil pessoas que ganham algum dinheiro no futebol não-profissional. São cifras que beiram o milhão em Porto Alegre.
Isso sem contar administradores de ginásios e seus funcionários. O recorte, aqui, está em goleiros, árbitros e equipes que transmitem torneios de quadras.
Cidade de goleiros
Sim, goleiros. Sabe aquele jogo em que falta alguém para pegar no gol? Existe gente, muita gente, que ajuda a impedir o revezamento da galera que joga na linha.
A startup Goleiro de Aluguel, que completa 10 anos em 2025, tem 195,5 mil atletas da posição cadastrados. Se eles todos fossem uma cidade, estariam entre as 15 mais populosas do RS. A plataforma conta mais de 30 mil jogos por mês no Brasil inteiro. Em Porto Alegre, são 5 mil cadastrados. São 99% homens e aquele 1% feminino.
Em geral, pessoas que trabalham em algum ramo durante o dia e, à noite, completam a renda ganhando entre R$ 35 e R$ 40 por jogo para salvar defesas abertas, times desorganizados e atacantes reclamões.
Arbitragem e "imprensa"
E os árbitros? Não os da Federação Gaúcha de Futebol ou de Futsal. Nem os ex-juízes de campo, que ganham um cachê para apitar campeonatos amadores. Falamos dos árbitros de horário. De quem, não satisfeito em se incomodar no trabalho oficial, arruma bronca também no contraturno. Em troca de R$ 90, resolvem o problema de times ruins: a culpa da derrota é sempre de quem tem o apito na mão.
Esses árbitros, eventualmente, arrumam um pouco a mais se for partida de campeonato. Dependendo de onde for a competição, a "cabine de imprensa" está ocupada por um ou dois meninos emulando Galvão Bueno e Pedro Ernesto Denardin. Ou mais, como no caso da FioreTV. Nos torneios de futebol 7 que transmitem, disponibilizam até um VAR para esclarecer lances polêmicos.
São essas as histórias que contamos a partir de agora. Você também pode acessar as matérias nos links a seguir.








