
Nesta quarta-feira (16), torcedores de uma organizada do Sport invadiram o Centro de Treinamento do clube e ameaçaram jogadores, comissão técnica e funcionários. O atacante Pablo foi agredido com um tapa e um puxão. Um dos invasores chegou a afirmar que "todo mundo aqui tem antecedente criminal".
O Sport divulgou uma nota classificando as condutas como "absolutamente inaceitáveis" e prometeu identificar e punir os responsáveis com apoio das autoridades.
Crise
O clube enfrenta uma crise pesada, sendo lanterna do Brasileirão desde a segunda rodada e acumulando nove derrotas nos últimos 12 jogos da Série A. São 15 partidas sem vitórias na temporada, o pior jejum da história centenária. A última derrota foi para o Juventude, por 2 a 0, na serra gaúcha.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um líder da torcida organizada cobrando os jogadores de forma agressiva, dizendo que eles "não estão representando a camisa" e que a torcida "vive da vitória de vocês". Ele também criticou a diretoria e o presidente Yuri Romão, insinuando que o pagamento em dia dos salários dos atletas não deveria ocorrer.
— Sobe a base, joga outro time... Mas vão embora porque vocês não estão representando a camisa do Maior do Nordeste, c*. Ó (sic) o que está acontecendo p*, a gente está aqui no feriado hoje, p*, a gente está todo mundo aqui porque ama essa instituição, p*, e vocês — esbraveja.
— Uma pá de gente não quer colar porque quer meter a mão em vocês, p*. A diretoria, Yuri (Romão, presidente do clube) está sendo filha da p* também p*, mau planejamento do c*. Mas está chegando o dinheiro de vocês em dia, era para atrasar o dinheiro de vocês, p*. Era para atrasar, porque a torcida vive da vitória de vocês para poder a torcida estar em pé, porque o time não ajuda p* nenhuma - continuou.
O zagueiro Chico, um dos jogadores mais antigos do elenco e cria da base, conversou com os torcedores, expressando que compartilha da revolta e tenta explicar a realidade do clube aos novos jogadores, inclusive estrangeiros, que "acham que vão passear" em Recife.
O que diz a Polícia
A Polícia Militar de Pernambuco informou que chegou ao local "preventivamente" antes dos torcedores e que o ato ocorreu de forma "pacífica", sem necessidade de intervenção policial, e que os torcedores foram recebidos por representantes do clube.
No entanto, o Sport contradisse a PM, afirmando que, embora soubesse da presença dos torcedores na área externa, foi surpreendido pela invasão das dependências do CT, depredação de um portão e intimidação de profissionais. A ideia inicial do clube era uma conversa pacífica do lado de fora do CT. Funcionários estão perplexos com a situação.
Veja a nota do Sport na íntegra
"O Sport Club do Recife repudia veementemente a invasão ocorrida na tarde desta quarta-feira (16) ao Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, promovida por integrantes de torcidas organizadas. Durante o episódio, houve coação contra atletas, membros da comissão técnica e funcionários do Clube — condutas absolutamente inaceitáveis.
O Clube informa que tomará todas as medidas cabíveis para identificar e punir os responsáveis, com o apoio das autoridades competentes.
O Sport ressalta que tinha conhecimento prévio da presença de torcedores na área externa do CT e havia se organizado para escutar suas reivindicações, com a participação de todos os membros do departamento de futebol.
No entanto, de forma inaceitável, houve a invasão das dependências do Centro de Treinamento, com depredação do portão de acesso e intimidação a profissionais em um ambiente que deve ser resguardado para o trabalho e para a integridade física de todos.
Havia segurança privada no local, e a Polícia Militar foi acionada, chegando ao CT ainda durante o ocorrido.
O Sport reforça seu compromisso com a segurança de seus colaboradores e torcedores, e seguirá trabalhando firmemente pela promoção de uma cultura de paz em todas as suas atividades, dentro e fora de campo."



