
— Você não pode entrar no estádio agora?
— Por quê, não? Aqui não é a entrada da imprensa?
— É, mas agora os jogadores estão indo para o campo. Você vai ter que esperar cerca de 10 minutos.
Proibidos de circular sempre que os atletas se deslocavam entre o campo e o vestiário, os jornalistas tiveram a paciência testada por vários momentos na abertura do Mundial de Clubes, neste sábado (14), durante o empate por 0 a 0 entre Inter Miami-EUA e Al-Ahly-EGI, no Hard Rock Stadium. A cobertura em Miami foi marcada por improvisos, atrasos e, sobretudo, por uma zona mista caótica após o jogo.
A Fifa aboliu o tradicional corredor por onde todos os atletas eram obrigados a passar — e respondem as perguntas de quem quiserem e se quiserem — e, em vez disso, criou quatro "estações" de pequenas entrevistas coletivas totalmente improvisadas, marcadas por tumulto e por dificuldades imensas tanto para se perguntar quanto para se ouvir as respostas dos jogadores.
No total, apenas quatro atletas do Inter Miami-EUA e três do Al-Ahly, selecionados pelos clubes, se manifestaram. Em cada "estação", diante da ausência de um microfone para as perguntas, os questionamentos eram feitos aos gritos e ao mesmo tempo, com os jogadores muitas vezes não conseguindo entender o que estava sendo perguntado.
Os jornalistas posicionados longe das pequenas caixas de som disponibilizadas próximas aos jogadores não conseguiam ouvir o que era respondido.
Além disso, não houve separação por idiomas. Como os repórteres argentinos perguntavam em tom mais alto, os jogadores do Inter Miami responderam quase sempre em espanhol. Já os do Al-Ahly falaram quase todos em árabe. Logo, quem só falava inglês se deu mal.
— Não entendi as respostas de ninguém — reclamou um jornalista britânico.
Antes da partida, a situação não foi mais animadora. Afinal, a circulação de jornalistas era subitamente interrompida sempre que os jogadores se movimentavam entre o ônibus, o vestiário e o gramado, já que os corredores dos atletas e dos cronistas eram muito próximos.

Em determinado momento, enquanto voltava do banheiro, fui barrado por mais de cinco minutos porque o time do Al-Ahly estava chegando ao estádio.
Além disso, vários jornalistas que produziam reportagens com torcedores no lado de fora entraram no Hard Rock com o jogo em andamento. O motivo: precisavam esperar os atletas ingressarem no gramado.
Já o local disponibilizado para a imprensa assistir ao jogo era impecável no quesito conforto. Porém, poucos assentos permitiam uma visão integral do campo, uma vez que barras, paredes, bancadas ou até mesmo os colegas posicionados à frente criavam "pontos cegos".
Diante disso, os atrasos de 30 a 40 minutos no transporte oficial disponibilizado para a imprensa credenciada entre o hotel e o estádio e do estádio para o hotel acabaram sendo o menor dos problemas.
Ao final, na própria sala da zona mista, vários profissionais de imprensa se apoiaram nos compartimentos utilizados normalmente pelos atletas de futebol americano do Miami Doplhins para escreverem seus textos e enviarem às suas redações.
Foi quando todos perceberam que as entrevistas haviam ocorrido em um vestiário improvisado, como quase tudo que ocorreu no que diz respeito ao atendimento à imprensa na abertura do Mundial.