
A cidade que nunca dorme acordou para o Mundial de Clubes. Nesta quarta-feira (18), no giro que fiz pela ilha de Manhattan, senti pela primeira vez, em uma semana de cobertura nos Estados Unidos, um clima de Copa do Mundo.
Antes de contar a história, vou explicar aos amigos leitores o que é exatamente um clima de Copa do Mundo: é quando há um ambiente de confraternização entre diferentes povos e culturas nas ruas de uma cidade através do futebol. E foi exatamente isso que aconteceu em Nova York.
Os norte-americanos seguem totalmente alheios ao Mundial de Clubes, e os jornais locais permanecem ignorando a competição. Mas as torcidas brasileiras e árabes cumprem o papel de transformar os Estados Unidos, ao menos por um breve período, no país do futebol.
A mistura de culturas
Nesta quarta à noite, os egípcios do Al Ahly fizeram o que os palmeirenses já haviam feito no último sábado (14): invadiram a Times Square e impressionaram os americanos com cânticos que emocionam qualquer um, mesmo que não entenda o idioma.
Ainda assim, por dever jornalístico, pedi a um egípcio que falava inglês para traduzir a canção entoada em árabe.
"Al Ahly, te seguiremos aonde for, em qualquer jogo e em qualquer lugar do mundo. E morreremos por ti, pois isso é ser um torcedor de verdade".
— É sempre assim: não importa onde, sempre vai ter torcedor do Al Ahly. Viemos de todos os lugares. Para nós, o resultado nem é o mais importante — me resumiu o engenheiro Ahmad Jamal, 35 anos, que é egípcio, mas vive na Alemanha e viajou aos EUA especialmente por conta do Mundial de Clubes.
Mais cedo, um argentino com a camisa do Boca Juniors tinha me dito algo parecido.
— Sempre que o Boca joga, vai mostrar a sua força. E no Mundial, não importa o resultado. Só de mostrar ao mundo o que é a torcida do Boca, já nos basta — me disse o comerciante argentino Mariano Denevi, 49 anos.
Se em Miami e em East Rutherford parecia que eu não estava no país do Mundial de Clubes, a exceção dos estádios das respectivas cidades, em Nova York foi diferente. As ruas de Manhattan pareciam passarelas, as quais torcedores desfilavam vestindo o traje de gala mais sofisticado possível para um fã de futebol: a camisa do time do coração.
Vi gente com a camisa do Al Ahly-EGI, do Espérance-TUN, do Wydad Casablanc-MAR, do Borussia Dortmund-ALE, do Real Madrid-ESP, do Flamengo e, principalmente, do Palmeiras e do Fluminense, que disputam duas rodadas seguidas no MetLife, em Nova Jersey, a 15 quilômetros do centro de Manhattan.
Mais sobre o Mundial de Clubes
Além disso, ao longo de todo o dia, os telões da Times Square exibiam anúncios sobre os jogos do Mundial de Clubes e alusivos à contagem de um ano para a Copa do Mundo 2026.
É como se Nova York quisesse lembrar aos americanos que é hora de acordar para a magia do futebol disputado com a bola redonda. Afinal, a cidade que nunca dorme já acordou.