
O aumento no número de seleções que participarão da Copa do Mundo permite que mais países tenham a oportunidade de disputar o Mundial pela primeira vez. A exemplo disso, Uzbequistão e Jordânia vão estrear na competição em 2026 e estarão entre as 48 seleções participantes.
As duas equipes confirmaram a vaga na quinta-feira (5), em jogos da penúltima rodada das Eliminatórias da Ásia. Os uzbeques empataram em 0 a 0 com os Emirados Árabes Unidos, enquanto os jordanos fizeram 3 a 0 no Omã.
Além de estarem no mesmo continente e de disputarem o primeiro Mundial, as duas seleções buscam se consolidar no cenário futebolístico e passam pelo melhor momento no esporte de sua história.
Os frutos do investimento do Uzbequistão
Independente desde 1991, quando saiu da União Soviética três meses antes da dissolução, o Uzbequistão é um país que sempre teve as artes marciais como principais esportes do país. Contudo, neste século, o investimento nos esportes coletivos, principalmente o futebol, tem dado resultados.
Nos últimos 15 anos, o país alcançou duas quartas de final da Copa do Mundo sub-17. Na última edição do torneio sub-20, foi eliminado nas oitavas de final. Além disso, em 2024, o Uzbequistão disputou o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos pela primeira vez. No mesmo, o país sediou a Copa do Mundo de Futsal, que teve o Brasil como vencedor.

O ponto final do processo teve a seleção uzbeque garantindo a vaga na primeira Copa do Mundo. A equipe tem como principal referência o zagueiro Khusanov, de 21 anos, que defende o Manchester City. Outros destaques são o atacante Shomurodov, da Roma, e o ponta Fayzullaev, do CSKA, da Rússia. O técnico é Timur Kapadze, ex-meia que defendeu a seleção em 119 jogos.
Com a conquista, o Uzbequistão se torna o primeiro país da Ásia Central a se classificar para a Copa do Mundo. Da mesma forma, é o primeiro país duplamente sem saída para o mar a disputar o torneio, visto que não tem, assim como seus vizinhos.
O futebol local
A Superliga Uzbeque conta atualmente com 14 times. O campeão garante vaga na Champions League da Ásia, assim como o vencedor da Copa do Uzbequistão. No campeonato, as equipes se enfrentam em turno e returno. O último colocado é rebaixado, enquanto o penúltimo e o antepenúltimo disputam um mata-mata com os dois melhores times da segunda divisão.
O maior campeão local é o Pakhtakor, time da capital Tashkent, com 11 conquistas desde a independência do país. A equipe conta três brasileiros, incluindo o meia gaúcho Jonatan Lucca, que nasceu em Santa Maria. Na liga, o Bunyodkor já teve Rivaldo, entre 2008 e 2011. Zico e Felipão foram treinadores do clube neste período.
O Pakhtakor também é lembrado por uma tragédia. Em 1979, um avião que levava a delegação do time colidiu com outra aeronave na Ucrânia. Na ocasião, 178 pessoas morreram, sendo que 17 faziam parte do time.
Quanto à seleção, a equipe chegou a disputar a fase final da repescagem asiática para as Copas de 2006 e 2014, mas foi eliminada. Nesta edição das Eliminatórias, o Uzbequistão está na segunda posição do Grupo A, com 18 pontos. São cinco vitórias, três empates e uma derrota.
A redenção jordana
Em 2014, a seleção da Jordânia vivia um momento histórico. Após eliminar o Uzbequistão, a equipe se classificou para a repescagem da Copa do Mundo e enfrentaria o Uruguai em dois jogos. No primeiro, em Amã, um 5 a 0 humilhante deu fim ao sonho do país árabe, que ainda teve de disputar a volta, em Montevidéu, um empate sem gols.
Nove anos depois, a Jordânia vivia o maior momento de sua história no futebol. Na Copa da Ásia, a seleção chegou a decisão após eliminar a Coreia do Sul, nas semifinais. Na final, perdeu para o anfitrião Catar, por 3 a 1.

Historicamente, a Jordânia não tem um período de forte investimento no futebol, tanto que a única representação em Mundial até o momento é na Copa do Mundo sub-20 de 2007. Na ocasião, o país foi eliminado na fase de grupos.
Entretanto, em 2016, o príncipe do país, Ali bin Al-Hussein, que também preside a Federação Jordana de Futebol, foi candidato à presidência da Fifa. No fim, ele foi derrotado por Gianni Infantino.
Atualmente, a principal referência técnica da seleção é o ponta Musa Al-Taamari, do Rennes, da França. Ele também é o primeiro jogador do país a atuar em uma das cinco principais ligas do mundo. O técnico é o marroquino Jamal Sellami, que jogava como zagueiro e volante.
O futebol local
A Liga Jordana conta com 12 equipes. Todas elas se enfrentam em dois turnos. Ao fim, a campeã é a única que garante classificação para a Champions League da Ásia. Na parte de baixo, as quatro últimas colocadas são rebaixadas para a segunda divisão.
O maior campeão local é o Al-Faisaly, com 35 títulos, tendo mais que o dobro de conquistas do segundo lugar da lista, o Al-Wehdat, que tem 17 taças. Apesar de nenhum brasileiro no time e poucos na liga, a representação tupiniquim já esteve na seleção. Entre 1986 e 1987, o técnico Edson Tavares comandou a equipe.
Nesta edição das Eliminatórias, a Jordânia confirmou a segunda posição do Grupo B, com 16 pontos. São quatro vitórias, quatro empates e uma derrota. No jogo decisivo, contra Omã, os três gols da goleada foram marcados pelo atacante Ali Olwan, jogador que está sem clube.
Por ser um país que abriga milhões de refugiados, a classificação foi celebrada por diferentes povos, como palestinos e sírios.
A presença de Uzbequistão e Jordânia na próxima Copa do Mundo pode escancarar a diferença técnica entre os dois países e outras potências do futebol. Contudo, nada pode impedir que os modestos times do continente asiático tenham o seu momento de glória no esporte mais praticado do mundo.