
A nova Copa do Mundo de Clubes da Fifa estreou nos Estados Unidos, no último fim de semana, com estreia de brasileiros e resultados expressivos. O Bayern de Munique aplicou impiedosos 10 a 0 no Auckland City. O PSG goleou o Atlético de Madrid por 4 a 0. Já o Botafogo venceu o Seattle Sounders por 2 a 1, enquanto o Palmeiras ficou no 0 a 0 com o Porto.
Mas, apesar do bom nível técnico, o que chamou a atenção nos primeiros dias foi o clima de torneio amistoso e a falta de público em algumas partidas.
Nas redes sociais, o tema chegou a gerar críticas, memes e questionamentos sobre o engajamento dos norte-americanos com a competição. A própria Fifa reconhece o desafio e passou a adotar medidas para tentar atrair mais torcedores.
Mesmo com esses sinais de alerta, os números não são considerados ruins. Segundo a entidade, as cinco primeiras partidas reuniram 239.124 torcedores, com média de 47.824 por jogo e taxa de ocupação de 72%. O maior público foi no duelo entre PSG e Atlético de Madrid, com mais de 80 mil pessoas no Rose Bowl.
Por que o Mundial ocorre nos EUA?
A escolha dos Estados Unidos como sede da primeira edição do novo Mundial de Clubes foi oficializada pela Fifa em 2023, com apoio unânime do Conselho.
Como justificativa, uma combinação de fatores: estádios modernos e prontos, logística eficiente, histórico de grandes eventos e, sobretudo, o alinhamento com a Copa do Mundo de 2026, que será realizada em parceria com México e Canadá.
Na prática, os mesmos palcos do Mundial de seleções estão sendo utilizados neste torneio. São 12 estádios espalhados por 11 cidades americanas, incluindo o SoFi Stadium (Los Angeles), MetLife Stadium (Nova Jersey), AT&T Stadium (Dallas) e o Hard Rock Stadium (Miami), que recebeu a partida de abertura entre Inter Miami e Al Ahly.
A ideia da Fifa é aproveitar o crescimento do futebol nos EUA — impulsionado pela chegada de Lionel Messi à Major League Soccer — e transformar o Mundial de Clubes em um espetáculo global.
— A chegada do Messi impulsionou não só o time, mas também a liga e o futebol nos Estados Unidos — disse Javier Mascherano, técnico do Inter Miami, onde joga Messi.
O mesmo deve acontecer na próxima edição, prevista para 2029, que, ao que tudo indica, deve ocorrer nos mesmos países da Copa do Mundo de 2030: Portugal, Espanha e Marrocos.
Quais os problemas enfrentados pela Fifa até aqui?
A indiferença do público norte-americano tem sido um dos temas mais comentados sobre o Mundial nas redes sociais. Mesmo com a presença de grandes clubes europeus e sul-americanos, a competição ainda não despertou o total interesse da população local.
Enviado especial da Rádio Gaúcha, o repórter Rodrigo Oliveira relatou que, ao desembarcar em Miami, foi surpreendido pela frieza com que o torneio é tratado.
— Que Copa é essa? Quando começa? — perguntou o motorista de aplicativo que o levou do aeroporto ao hotel, ao saber que havia um torneio da Fifa na cidade.
Durante o voo até Miami, a eletricista Erisett Sánchez, também demonstrou surpresa com a competição:
— Eu só fiquei sabendo deste Mundial há poucos dias. Quem deve se empolgar são os latino-americanos que moram aqui, porque o americano mesmo gosta de outros esportes — afirmou.
O clima também tem sido um obstáculo. O torneio acontece em pleno verão americano, com temperaturas acima dos 30 °C. Após a derrota para o PSG, o meia Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, chegou a dizer que "até as unhas doíam" devido ao calor.
— É impossível, um calor horrível. Meus dedos dos pés estavam doloridos, minhas unhas doíam, eu não conseguia frear nem arrancar. É inacreditável, mas como é igual para todos, não há do que reclamar — afirmou.
Além do clima, questões políticas também influenciam a presença do público. Parte da comunidade imigrante, um dos principais públicos do futebol nos EUA, tem evitado ir aos estádios por receio de deportações, já recorrentes no governo de Donald Trump.
Embora as autoridades locais tenham garantido que não há operações previstas durante os jogos, o medo existe entre a população. A Fifa ainda não se posicionou sobre, mas reduziu os preços de ingressos em algumas partidas para tentar aumentar a adesão.
Estádios cheios... mas nem tanto
Apesar de a média de público ser elevada para padrões internacionais, as transmissões deixaram evidente que muitos jogos estão longe da lotação máxima.
No Rose Bowl, por exemplo, 80.619 torcedores acompanharam PSG x Atlético de Madrid — número bastante expressivo, mas abaixo da capacidade total do estádio, que ultrapassa 90 mil lugares.
A abertura teve o maior índice proporcional de ocupação: 94% dos assentos foram preenchidos no confronto entre Inter Miami e Al Ahly. Já a menor taxa foi registrada no duelo entre Botafogo e Seattle Sounders, no Lumen Field, com 41,8% de ocupação — ainda assim, pouco mais de 30 mil pessoas estavam no estádio.
O que a Fifa tem feito?
Diante do cenário, a Fifa intensifica ações para atrair torcedores, sobretudo em jogos com menor apelo local. Uma das iniciativas foi reposicionar a torcida em áreas mais visíveis para as câmeras, para evitar a impressão de arquibancadas vazias.
Também foram firmadas parcerias com universidades, como o Miami Dade College. Na abertura, por exemplo, alunos que comprassem um ingresso ganhavam outros quatro gratuitamente. Houve ainda distribuição de cortesias e promoções pontuais para aumentar o público em determinadas partidas.
A expectativa é que, com o avanço do torneio e a chegada das fases eliminatórias, o interesse cresça — especialmente em confrontos que envolvam grandes clubes europeus e sul-americanos.
Brasileiros em campo

Entre os brasileiros, o Botafogo estreou com vitória por 2 a 1 sobre o Seattle Sounders. O Palmeiras empatou sem gols com o Porto.
Já o Flamengo entra em campo nesta segunda-feira (16), contra o Esperance, da Tunísia. Por fim, o Fluminense faz sua estreia na terça-feira (17), diante do Borussia Dortmund.
A final do torneio será no dia 13 de julho, no MetLife Stadium, em Nova Jersey — o mesmo que receberá a decisão da Copa do Mundo de 2026.
Onde assistir aos jogos desta segunda-feira no Mundial de Clubes
- Chelsea x Los Angeles FC (16h): GZH acompanha a partida em tempo real. SporTV, Globoplay, Cazé TV e DAZN anunciam a transmissão.
- Boca Juniors x Benfica (19h): GZH acompanha a partida em tempo real. SporTV, Globoplay, Cazé TV e DAZN anunciam a transmissão.
- Flamengo x Espérance (22h): RBS TV, SporTV, Globoplay, Cazé TV e DAZN anunciam a transmissão.
*Produção: Murilo Rodrigues