
O gaúcho Daniel Cargnin é vice-campeão do Mundial de Judô na categoria leve (até 73 kg). Neste domingo (15), ele foi derrotado pelo francês Joan-Benjamin Gaba, vice-campeão olímpico em Paris-2024, na decisão em Budapeste, na Hungria, onde ocorre a edição do Campeonato Mundial.
Dono de dois bronzes olímpicos, um individual em Tóquio-2020 e outro por equipes em Paris, o atleta de 27 anos venceu cinco de seis lutas para garantir sua segunda medalha na competição, após o bronze em 2022 em Tashkent, no Uzbequistão.
Esta foi a 57ª medalha do Brasil na história da competição, a 14ª de prata. Os brasileiros ainda venceram nove ouros e 34 bronzes.
Superação
Para conquistar seu segundo pódio, Cargnin precisou superar lesões que atrapalharam o ciclo para os Jogos de Paris.
Em outubro de 2023, Daniel fraturou a fíbula do tornozelo esquerdo na semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, o que prejudicou sua preparação olímpica. Após os Jogos de Paris, ele fez uma cirurgia no ombro esquerdo e também retirou uma placa que havia sido colocada em seu tornozelo.
— Ele tirou uma placa do tornozelo e fez um procedimento no ombro e ficou 4 meses parado. Está numa fase boa, distante das lesões, recuperando sua forma física. O mais importante é voltar a competir em alto nível e o resultado é consequência da continuidade — disse o técnico da seleção brasileira masculina e da Sogipa, Antônio Carlos Pereira, em entrevista ao programa Gaúcha Olímpica, da Rádio Gaúcha, antes do Mundial.
Campanha

Para chegar à decisão e garantir a medalha, Daniel estreou vencendo o alemão Igor Wandtke, 29º na classificação da Federação Internacional de Judô (IJF), por ippon.
Na segunda fase, ele encarou o montenegrino Jahja Nurkovic, 66º do ranking, superado por waza-ari.
O terceiro confronto teve um sabor especial e foi dificílimo. Daniel encarou o kosovar Akil Gjakova, nono do mundo e que o derrotou na Olimpíada de Paris. Em um combate acirrado e que levou 8min32seg, o gaúcho venceu nas punições (3 a 2 ) e entrou na rota das medalhas.
Nas quartas de final, mais um confronto duro. Cargnin encarou o japonês Tatsuki Ishihara, atual vice-campeão mundial e quarto do ranking. Após equilíbrio e uma punição para cada judoca, o brasileiro conseguiu uma bela reversão e venceu com um yuko conquistado a 27 segundos do final.
A semifinal foi contra o sérvio Bajsangur Bagajev, 60º do mundo, e grande surpresa da competição. O europeu sofreu duas punições e a luta foi para o golden score, após os quatro minutos regulamentares.
O tempo extra foi dramático para Daniel Cargnin, que escapou de uma chave de braço com dois minutos e conseguiu impor mais volume para forçar a terceira punição ao sérvio e garantir a vaga na decisão.
Final

A luta que valeu o ouro, contra o francês Joan-Benjamin Gaba foi muito estudada e terminou no golden score, quando os dois atletas chegaram com uma punição (shidô), cada.
No desempate, Daniel entrou com uma faixa de proteção na cabeça, após sofrer um corte no supercílio.
Com 53 segundos, Gaba conseguiu projetar o gaúcho e pontuar de waza-ari, para ficar com o título mundial.
— Eu queria ter saído com o ouro, mas feliz com a caminhada pós-ciclo. Voltar a treinar, colocar a cabeça no lugar e ajudar o Brasil na disputa por equipes — disse Daniel ao canal Sportv.