
Um ano depois do fim da suspensão pelo envolvimento em esquema de apostas, o zagueiro gaúcho Eduardo Bauermann, 29 anos, estreia no Mundial de Clubes às 19h desta quarta-feira (18), pelo Pachuca, do México, contra o Red Bull Salzburg.
Ex-Inter e Santos, ele foi um dos punidos depois da investigação da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em 2023, por ter participado de esquema com apostadores. O defensor recebeu uma suspensão inicial de 12 jogos, que posteriormente foi estendida para 360 dias.
Depois de passar por um período que ele descreve como o "fundo do poço", em entrevista ao ge.globo, Bauermann agora sente o oposto, um ano após ter sua liberação para voltar a campo.
— Eu digo que é uma volta por cima. Mas, acima de tudo isso, me coloco mais consciente do quanto Deus foi bom comigo. Porque ele teve que me colocar no fundo do poço para que hoje eu pudesse estar vivendo um momento como esse. Nem nos melhores momentos da minha carreira eu me imaginava disputando um mundial de clubes — disse em entrevista ao ge.globo.
Passava por situações desconfortáveis e não sabia dizer 'não'
EDUARDO BAUERMANN
Zagueiro do Pachuca
O zagueiro destacou a nova fase da sua vida, entendendo que pode ser um exemplo positivo.
— Sabia que iria demorar muito tempo para que eu pudesse mudar a minha imagem, mas eu sei do coração que eu tenho, eu sei do meu caráter, as pessoas que estão perto de mim me conhecem muito bem e eu fico tranquilo — comentou e completou:
— Sei que nessa nova fase tenho que ser um exemplo de volta por cima por já ter passado pelo momento ruim e hoje estar vivendo o melhor momento da minha carreira. Sei que tudo que eu passei realmente foi para viver esse momento.
Dificuldade em dizer "não"
Para o zagueiro do Pachuca, o erro do passado se transformou em aprendizado. Ele reconhece que sua participação no esquema de apostas poderia ter sido evitada, atribuindo-a a uma ingenuidade que o levou a se aproximar de indivíduos com má-fé.
— Eu fazia terapia, porque eu tinha uma dificuldade muito grande de dizer "não" para as pessoas. Independente se era um familiar, se era um amigo, se era um conhecido. Às vezes, as pessoas me colocavam em uma situação muito incômoda e eu não sabia dizer "não". Passava por situações desconfortáveis e não sabia dizer "não" — afirmou.
O jogador afirma ter amadurecido com a experiência:
— Olhando para aquele Eduardo Bauermann, veria ele como uma pessoa um pouco imatura. Por querer ser bonzinho demais e acabar não dando limite para as pessoas. Isso faz com que mesmo aquelas pessoas que te mostram ter boas intenções, nem sempre é o que elas têm no coração. Vejo ele com uma inocência muito grande. E, às vezes, as pessoas se aproximam realmente para tirar proveito. Acho que é o maior ensinamento que trago.
Após a punição, Bauermann retornou aos gramados pelo Everton, do Chile, a um ano. Chegou ao Pachuca em novembro de 2024. Até aqui, soma um gol e uma assistência em 18 partidas pelo clube mexicano.
No futebol brasileiro, Bauerman tem passagens por Inter — clube que o revelou —, Náutico, Atlético-GO, Figueirense, Paraná, América-MG e Santos.
Mundial de Clubes
A estreia do Pachuca ocorre às 19h desta quarta-feira, diante dos austríacos do RB Salzburg. Completam o Grupo H o Real Madrid e o Al-Hilal.