
Nova York entrou no clima do Mundial de Clubes, embora isso não ocorra exatamente por causa dos americanos. Enquanto o povo local ignora a competição, torcedores brasileiros, argentinos, alemães e árabes ocupam as ruas da maior metrópole dos Estados Unidos e contagiam o país com a atmosfera do futebol.
— É demais! Todo dia vêm vários torcedores brasileiros comer aqui. É impressionante, eles são muitos — surpreende-se a garçonete de um restaurante no coração da ilha de Manhattan.
Durante esta quarta-feira (18), a reportagem circulou pelas ruas de Nova York e, em cada quadra, encontrava vários grupos de torcedores brasileiros, especialmente do Fluminense e do Palmeiras, que têm, cada um, dois jogos nesta semana no estádio MetLife, situado a apenas 15 quilômetros do centro da cidade.
— Os brasileiros são os torcedores mais animados deste Mundial. Vejo muita gente do Fluminense e do Palmeiras e alguns do Flamengo, que joga aqui pertinho, na Filadélfia. Noto que existe um clima de Copa, mas é mais por conta dos brasileiros. Os americanos nem sabem o que está rolando — relata o corretor de imóveis tricolor Mário Henrique, 42 anos.
Sem economizar no "clubismo", o médico palmeirense Danilo Mendonça, 41 anos, diz que os americanos foram conquistados pela massa alviverde.
— O ambiente nos Estados Unidos está fantástico. A Nossa torcida é muito calorosa, e os palmeirenses vieram em peso. Está bonito de ver. Tanto que já vejo os americanos do nosso lado, curtindo o que eles chamam de "Green Party" (Festa Verde, na tradução literal) — afirma.
A gente sai pelos bares e nem tem TV mostrando os jogos. Dos americanos não senti muita empolgação.
GUSTAVO GUASTELLA
Torcedor do Palmeiras
O publicitário palmeirense Gustavo Guastella, 33 anos, por sua vez, se decepciona com a falta de interesse dos americanos no Mundial de Clubes, mas exalta a festa brasileira.
— A gente sai pelos bares e nem tem TV mostrando os jogos. Dos americanos não senti muita empolgação. Mas da torcida do Palmeiras não tenho o que falar, é maravilhosa. E vejo bastante gente do Fluminense também — relata.
O professor carioca Bruno Felizardo, torcedor do Fluminense, destaca a presença expressiva ainda dos torcedores alemães do Borussia Dortmund.
— O ambiente está bacana. Nova York está parecendo o Maracanã. A gente também está vendo muito palmeirense, muito tricolor. Pelos brasileiros, está parecendo que nós estamos em um ambiente de Copa mesmo — comenta e reforça:
— E acho que os alemães do Borussia, apesar de não estarem em grande número como a gente, são muito engajados. Vi vários alemães, e a torcida deles é muito engajada. Dá para ver que vieram mesmo para torcer.
No Mundial, não importa o resultado. Mostrar ao mundo o que é a torcida do Boca Juniors já nos basta.
MARIANO DENEVI
Torcedor do Boca Juniors
Torcedores de todos os cantos do mundo
A reportagem flagrou ainda nas ruas de Nova York torcedores do Boca Juniors, ainda que o clube argentino só jogue na sexta-feira (20), e em Miami.
— Estamos presentes em todos os lugares (risos). Eu e meu filho estivemos em Miami no primeiro jogo (empate por 2 a 2 contra o Benfica) e viemos conhecer Nova York. Mas sempre que o Boca joga, vai mostrar sua foça. E no Mundial, não importa o resultado. Mostrar ao mundo o que é a torcida do Boca Juniors já nos basta. Estamos felizes — afirmou o comerciante argentino Mariano Denevi, 49 anos, devidamente trajado com o azul e amarelo do time xeneixe.

Por fim, além de brasileiros, argentinos e alemães, chama atenção a presença maciça nos Estados Unidos das torcidas de clubes de países árabes do norte da África, como o Al-Ahly, do Egito, o Espérance, da Tunísia, e o Wydad Casablanca, do Marrocos.
— O pessoal da Tunísia fez uma festa muito legal aqui em Nova York, antes do jogo contra o Flamengo — relatou o administrador carioca Fabiano Fuzaro, 44 anos, torcedor do Fluminense.
— Encontrei vários torcedores do Al-Ahly e do Esperánce — completou o aposentado Paulo Vital, 62 anos, também torcedor do Fluminense.
E, no início do dia, a reportagem conversou nas ruas de Nova York com um casal de torcedores do Wydad, que se deslocava para a Filadélfia, para o jogo desta quarta contra o Manchester City.

— Somos do Marrocos, de Casablanca, e viemos apenas para o Mundial de Clubes. Somos fanáticos por futebol. E apoiaremos o Wydad onde quer que ele esteja e onde quer que jogue. O Mundial está muito bonito, talvez só as torcidas do Marrocos e do Brasil estejam mais animadas com o futebol. Os americanos não estão muito — contou a marroquina, que pediu para ser identificado apenas como Myrian.
Até a final, no dia 13 de julho, em Nova York e outras cidades estadunidenses, os estrangeiros tentam contagiar os americanos com a atmosfera do Mundial. Mas, enquanto isso não ocorre, brasileiros, argentinos, alemães e árabes apresentam aos Estados Unidos o que é a alma do futebol que se joga com a bola redonda: a paixão do torcedor.