
Eles estão em grupos diferentes, têm histórias distintas e vêm de países diversos, mas compartilham algo em comum: o prefixo "Al" no nome. Al Ahly (Egito), Al Hilal (Arábia Saudita) e Al Ain (Emirados Árabes Unidos) estão na Mundial de Clubes da Fifa, nos Estados Unidos, e representam a força do futebol árabe na competição.
A semelhança não é coincidência: na língua árabe, o termo "al" é um artigo definido invariável — equivalente a "o", "a", "os" ou "as" em português. Daí surgem nomes como Al Ahly ("o Nacional"), Al Hilal ("a Lua Crescente") e Al Ain ("o Olho").
Além disso, pela forte presença dos árabes na Península Ibérica, durante a formação do português, existem várias palavras que carregam o prefixo: álcool, alface, alquimia, algarismo, entre muitas outras.
— É uma maneira de destacar, de engrandecer. Al Ahly é "o" time nacional, não qualquer time nacional. O mesmo ocorre para o Al Hilal, "a" Lua Crescente — explica Saleh Hassan, tradutor da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. — O "al" também é usado em nomes próprios, antes do sobrenome, para valorizar a família. A tradição é mais comum na Arábia Saudita — completou, em entrevista ao jornal O Globo.
Como os três estão no Mundial?
Os três clubes vivem momentos distintos no torneio. O Al Hilal empatou com o Real Madrid e o RB Salzburg e agora enfrenta o Pachuca na quinta-feira (26), precisando vencer e torcer por uma derrota dos espanhóis e austríacos para seguir na competição.
O Al Ahly, por outro lado, empatou com o Inter Miami, foi derrotado pelo Palmeiras na segunda rodada e precisa de uma vitória improvável contra o Porto — além de contar com um tropeço de Palmeiras e Inter Miami. Já o Al Ain perdeu da Juventus por 5 a 0 e foi goleado por 6 a 0 pelo Manchester City, e já está eliminado.
Conheça a história das três equipes
Al Ahly

O Al Ahly Sporting Club foi fundado em 1907, no Cairo, com o propósito inicial de ser um ponto de encontro para jovens estudantes egípcios. Com o tempo, o espaço social virou um clube esportivo — e, mais tarde, uma potência do futebol africano, com uma das torcidas mais apaixonadas do continente.
O Al Ahly se classificou para o Mundial de Clubes como vencedor das Ligas dos Campeões da CAF de 2020/21, 2022/23 e 2023/24. São 45 títulos do Campeonato Egípcio, 39 da Copa do Egito e 12 títulos da Liga dos Campeões da CAF, a "Champions" africana.
Reconhecido como o "Clube do Século" na África, o Al Ahly participa pela 10ª vez do Mundial de Clubes da Fifa. Mahmoud Al Khatib, Mohamed Aboutrika e o tunisiano Ali Maaloul são alguns dos jogadores que marcaram época com a camisa vermelha.
Nesta edição, o Al Ahly faz parte do grupo A, que também conta com Palmeiras e o Porto.
Al Hilal

O Al Hilal Football Club nasceu em 1957, na capital Riad, fundado por Abdul Rahman bin Saeed. Inicialmente chamado de Clube Olímpico, teve o nome alterado por ordem do rei Saud bin Abdulaziz, que escolheu "Al Hilal" — a Lua Crescente, símbolo associado à identidade islâmica.
É o clube com mais títulos da Arábia Saudita: são 19 conquistas da liga nacional, além de quatro títulos da Liga dos Campeões da AFC. Foi vice-campeão mundial em 2022, quando superou o Flamengo na semifinal e perdeu para o Real Madrid por 5 a 3 na decisão. Está no Mundial após vencer a AFC Champions League em 2021.
Sob o comando de Simone Inzaghi, a equipe tem nomes como Aleksandar Mitrovic, Yassine Bounou, Malcom, Rúben Neves e Marcos Leonardo entre os principais jogadores, e conta com ídolos históricos como Sami Al-Jaber e Mohamed Al-Deayea.
O clube é conhecido por ter a maior torcida do país. No Mundial 2025, está no grupo H, com Pachuca, Real Madrid e RB Salzburg.
Al Ain

Fundado em 1968, o Al Ain é o clube mais vitorioso dos Emirados Árabes Unidos, com 14 títulos do campeonato nacional. Sua história começou em meio à união de dois times locais e cresceu até alcançar o cenário continental. O nome do clube vem da cidade onde foi fundado — Al Ain — que, traduzido, significa "o Olho".
Seu momento mais importante ocorreu em 2018, quando chegou à final do Mundial de Clubes após eliminar o River Plate nas semifinais. Na decisão, foi derrotado pelo Real Madrid.
A equipe roxa conquistou novamente a Liga dos Campeões da AFC na temporada 2023/24, o que garantiu sua vaga na edição atual do torneio. Têm os jogadores Omar Abdulrahman e Asamoah Gyan como ídolos na história recente do clube.
Nesta edição, o Al Ain está no Grupo G, com a Juventus, Manchester City e Wydad Casablanca.
*Produção: Murilo Rodrigues