
O anúncio do italiano Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira de futebol, ocorrido nesta segunda-feira (12), escreve um capítulo incomum na história do futebol do país. Desde a primeira partida da Seleção, em julho de 1914, apenas outros três comandantes estrangeiros treinaram a equipe principal. A escolha inovadora visa a Copa do Mundo de 2026.
Em 1925, o uruguaio Ramón Platero treinou o Brasil no Campeonato Sul-Americano da Argentina. Quase 20 anos depois, foi a vez de o português Jorge Gomes de Lima, o Joreca, treinar a Seleção em dois amistosos contra o Uruguai. E o mais recente foi o argentino Filpo Nuñez, numa única partida, também contra o Uruguai.
Os estrangeiros comandaram o Brasil por sete partidas com cinco vitórias, um empate e uma derrota. Foram quatro jogos em competição e três amistosos. O aproveitamento chegou a 76,1%.
1925 - Ramón Platero (URU)
Campeão Sul-Americano com o Uruguai em 1917, Platero chegou ao Brasil para ser técnico do Fluminense em 1919. Algum tempo depois, passou por Flamengo e Vasco, e foi no time de São Januário que recebeu a chance de treinar a Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1925, na Argentina. Ganhou duas vezes do Paraguai, empatou uma e perdeu outra para os donos da casa, e ficou com o vice-campeonato.
1944 - Joreca (POR)
Chegou ao Brasil para estudar e se envolveu com o futebol como comentarista de rádio. Quando cursava a faculdade de Educação Física, chegou a ser árbitro. Começou como técnico no São Paulo em 1943 e foi tricampeão paulista.
Em 1944, foi convidado para treinar a Seleção Brasileira ao lado de Flávio Costa, quando o time era dividido apenas com jogadores dos times cariocas e paulistas. Fez duas partidas, com duas vitórias sobre o Uruguai, em amistosos.
No ano seguinte, Flávio Costa foi efetivado no cargo e comandou a equipe até a derrota no jogo decisivo da Copa de 1950, quando o mesmo Uruguai venceu o Brasil no Maracanã. Antes de ser vítima de um ataque cardíaco fatal, em 1949, Joreca ainda treinou o Corinthians.
1965 - Filpo Nuñez (ARG)
O último estrangeiro, antes de Ancelotti, a treinar a Seleção Brasileira foi o argentino Filpo Nuñez. E foi por uma apenas um dia. Ele treinava o Palmeiras que foi convidado para representar o Brasil na inauguração do Mineirão, em Belo Horizonte. O clube paulista vivia uma das suas fases mais gloriosas.
Aquela equipe foi apelidada de Academia de Futebol pela alta qualidade. O timaço tinha jogadores do quilate de Valdir de Moraes, Djalma Santos, Ademir da Guia, Julinho Botelho, entre outros. A Seleção fez 3 a 0, com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano.
Filpo se naturalizou brasileiro em 1969 e era tio do técnico Eduardo Coudet, que recentemente treinou o Inter.