
Será (mais) um Dia das Mães de apreensão para Rejane Klein, Lourdes Hartmann, Maria Ines Benkenstein e Eliane Horn. Enquanto milhões de gaúchos estarão em almoços ou jantares em família, recebendo abraços, beijos e presentes, elas terão missões mais tensas.
Elas ficarão de olho na tela para acompanhar o desempenho de seus filhos, todos eles tão visados, ainda mais nos últimos tempos. E ainda correndo risco de ser ofendidas mesmo na data especial. Não é fácil ser mãe de árbitro ou árbitra de futebol.
Rejane e Rafael Klein

Em Poço das Antas, cidade de pouco mais de 2 mil habitantes do Vale do Taquari, Rejane Klein pode estar mais nervosa do que os torcedores de Palmeiras e São Paulo. O clássico paulista, no domingo (11), às 17h30min, terá como comandante seu filho Rafael Rodrigo Klein, um dos árbitros Fifa do RS.
O jogão afastará um de seus guris do convívio de um domingo em família. A responsabilidade é enorme, mas Rafael está acostumado. E, de certa forma, Rejane também.

— O Dia das Mães não se resume apenas ao domingo, até porque nem sempre é possível fazer alguma coisa. Sempre priorizei a educação dos meus filhos, Rafael e Régis, e incentivei a lutar pelos sonhos. O Dia das Mães é para celebrar as conquistas deles. Se estão felizes, também estou. No caso do Rafael, sinto orgulho em saber que desempenha a profissão que escolheu, com muita resiliência, muito treino e muita determinação. Por amor, tudo vale a pena.
Sinto orgulho em saber que ele desempenha a profissão que escolheu
Andressa e Lourdes Hartmann

Lourdes Hartmann também ficará sem os filhos. Andressa está escalada para duas partidas no final de semana. Nesta sexta-feira (9), às 21h, apitará São Paulo x Fluminense pelo Brasileirão Feminino da Série A-1.
No domingo (11), é a quarta árbitra de Brasil de Farroupilha x Toledo pela Série A-3. Não tem como, portanto, a juíza estar em São Paulo das Missões, no noroeste do Estado, para um almoço de Dia das Mães.

— Mesmo sem os filhos por perto fisicamente, fico feliz por estarem realizando sonhos e usando nossos ensinamentos. Tenho muito orgulho de ser mãe de uma árbitra, sei o quanto ela gosta de futebol e o quanto batalhou desde criança. É muito gratificante vê-la ganhar mais espaço. Minha forma de ficar mais próxima é ver os jogos pela TV — conta.
Tenho muito orgulho de ser mãe de uma árbitra. É muito gratificante vê-la ganhar mais espaço
Maria Ines e Jonathan Benkenstein

Maria Ines Benkenstein vai receber o filho Jonathan para um café da tarde no domingo. Na noite anterior, ele estará em Goiânia, para Goiás x Coritiba, Série B do Brasileirão. Mãe e filho conseguem se ver com frequência, mas em data comemorativa é sempre especial.

— Desde 2007, quando ele se formou no curso de arbitragem, passo sozinha o Dia das Mães. Sei que ele está em campo, fazendo o melhor dele. Tenho orgulho de acompanhar os jogos, pela TV, pelo rádio — diz a empresária de Novo Hamburgo.
Tenho orgulho de acompanhar os jogos, pela TV, pelo rádio
Eliane e Lucas Horn

Eliane Horn ainda espera almoçar com o filho. A escala de Lucas no final de semana indicou um jogo em Santa Catarina, mas no sábado (10) à noite. Ele estará no apito de Brusque x ABC pela Série C.
Se sair cedinho no domingo (11), conseguirá encontrar a mãe para uma refeição festiva em Porto Alegre.

— Quero que seja um dia especial, que possa receber meu filho, dar e receber abraços, com muito amor e carinho. Tenho muito orgulho dele, quero sempre que esteja comigo, mas se não conseguir, entendo, faz parte do trabalho. Os xingamentos já não me afetam, são do calor do jogo — ela diz.
Os xingamentos já não me afetam. São do calor do jogo
Mas, talvez em nome das centenas de famílias de árbitros envolvidos em jogos pelo Brasil no final de semana do Dia das Mães, Eliana deixa escapar um pedido que todas devem ter, mas evitam falar:
— Que eles pensem nas mães deles antes de nos xingar.