
Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência da CBF nesta quinta (15). A decisão foi do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O despacho do TJ-RJ anulou o acordo firmado para a recondução de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF devido à "possível falsificação da assinatura" de Coronel Nunes.
"DECLARO NULO O ACORDO FIRMADO ENTRE AS PARTES, HOMOLOGADO OUTRORA PELA CORTE SUPERIOR, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, ANTÔNIO CARLOS NUNES DE LIMA, conhecido por CORONEL NUNES", diz o trecho.
Na semana passada, a deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da CBF e atual interino da presidência, moveram pedidos no STF para a destituição. As solicitações haviam sido negadas pelo ministro Gilmar Mendes. Entretanto, o ministro determinou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a apuração urgente dos fatos narrados nas petições.
A decisão do TJ-RJ cita que os indícios trazidos aos autos são robustos e permitem a conclusão de que "há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente".
O que diz a perícia
A análise da perícia é sobre a assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-vice-presidente da CBF e que foi presidente interino da entidade em duas ocasiões. A inspeção foi feita pela perita Jacqueline Tirotti, a pedido do vereador do Rio Marcos Dias (Podemos).
Segundo o documento obtido pelo Estadão em 6 de maio, foram observados elementos que diferenciam a escrita. O texto diz:
"A convicção que se pode depreender de todas as características observadas e considerando todas as limitações intrínsecas ao presente exame é de não identificação do punho periciado de Antônio Carlos Nunes de Lima."
A perícia questiona o fato de o nome ter sido assinado em 19 de janeiro, cinco dias antes da assinatura de fato do acordo:
"Já conferindo ao procurador poderes específicos para pleitear a homologação judicial de um acordo ainda inexistente à época."
A análise cita que as assinaturas disponíveis para avaliação datam de 2015 a 2023, o que, segundo o texto, compromete a contemporaneidade exigida em exames periciais. Entre 2015 e 2017, Coronel Nunes assinava de forma simplificada, igual sua rubrica. A partir de 2022, ele passou a assinar com seu nome completo.
Outra informação apontada é que, em junho de 2023, Nunes informou à Justiça um déficit cognitivo a partir de neoplasia cerebral maligna (tumor no cérebro) e cardiopatia grave. Ambas são condições clínicas severas que exigem tratamento contínuo de Nunes desde 2018.