
Ednaldo Rodrigues foi destituído do cargo de presidente da CBF na tarde desta quinta (15). A decisão foi do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A decisão ocorreu em função de uma assinatura supostamente falsa de um dos vices da CBF, Coronel Nunes, em um acordo que reconduziu Ednaldo ao comando da entidade. Assim, o magistrado nomeou Fernando Sarney, outro vice da entidade, como interventor e definiu que ele terá de convocar novas eleições.
Ainda na semana passada, foram feitos dois pedidos ao STF para a saída de Ednaldo Rodrigues do cargo. A deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e Fernando Sarney, um dos atuais vice-presidentes da CBF, alegam que é falsa a assinatura do Coronel Nunes, ex-presidente da entidade, em acordo do início deste ano.
"A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente", diz trecho da decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que segue:
"Pelo exposto, determino: 1- o afastamento da atual diretoria da CBF; 2- que o vice-Presidente da CBF, Fernando José Sarney, realize a eleição para os cargos diretivos da CBF, na qualidade de interventor, o mais rápido possível, obedecendo-se os prazos estatutários, ficando a seu cargo, até a posse da diretoria eleita, os poderes inerentes à administração da instituição, dispostos no art.7º do Estatuto da Entidade".
Cabe recurso à decisão no STJ ou no STF. Na primeira vez em que foi afastado, em dezembro de 2023, Ednaldo recorreu ao STF e voltou a cargo um mês depois.
Quem é Fernando Sarney, que assume o comando da CBF interinamente
Com o afastamento de Ednaldo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem novo presidente - ao menos, momentaneamente. Por ora, Fernando Sarney assume o comando da entidade.
Com 70 anos, ele é natural de São Luís do Maranhão e filho do ex-presidente da república José Sarney, de 95 anos. Sua mãe é Marly Sarney, de 93.
Ele ainda tem como irmãos Roseana Sarney, que foi governadora do Maranhão por quatro mandatos e atualmente é deputada federal; e José Sarney Filho, que é secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal.
Fernando Sarney atua junto à CBF desde 1998. Representante da Conmebol no Conselho da Fifa, ele foi reeleito vice-presidente da entidade na última eleição. Na ocasião, ele disse:
— Mudanças, sobretudo, reformulação de muitas coisas no futebol do Brasil, transparência, honestidade, foco. Acho que vem aí uma nova CBF, uma nova era do futebol do Brasil — afirmou aos canais da CBF.
Ele é formado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e proprietário do Sistema Mirante de Comunicação, do Maranhão.
Confira na íntegra a decisão que destituiu Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF
Relembre o caso
Na última quarta-feira (7), porém, o pedido de afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi negado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, a CBF afirmou que "recebeu com serenidade a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar peremptoriamente" e que confia plenamente na Justiça brasileira.
O magistrado considerou "incabível" a solicitação apresentada pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) em petição na segunda-feira (5).
Gilmar Mendes também negou a suspensão da homologação do acordo assinado no início deste ano que manteve Ednaldo Rodrigues na presidência, pedido feito por Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, nesta quarta.
O ministro alega que não há previsão legal para que a deputada e o vice participem do tipo de ação que discutiu e homologou o acordo que manteve o presidente no comando da entidade.
Como foi a passagem de Ednaldo no comando da CBF
Ednaldo Rodrigues chegou ao poder da entidade máxima do futebol brasileiro provisoriamente em junho de 2021, depois do afastamento de Rogério Caboclo, sob acusações de assédio sexual e moral. No ano seguinte, foi efetivado para seguir no cargo até março de 2026. Assim, tornando-se o primeiro negro e nordestino — da Bahia — a ocupar a função
Único candidato
Na eleição de 2025, por ser o único candidato, foi eleito de maneira unânime para seguir no cargo até março de 2030. Esse novo mandato está previsto para começar apenas em fevereiro de 2026.
Primeiro afastamento
Ednaldo Rodrigues foi afastado pela primeira vez da presidência da CBF em dezembro de 2023. A suspeita era de que havia irregularidades na eleição que o levou ao cargo.
Na ocasião, a Fifa prontamente enviou um alerta dizendo que “qualquer influência de terceiros” sobre os integrantes da entidade poderia resultar em sanções. Um mês depois o dirigente voltou ao comando da entidade, por decisão de Gilmar Mendes, do STF.
Outros pedidos de destituição
Na última quarta (7), porém, o pedido de afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi negado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, a CBF afirmou que "recebeu com serenidade a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar peremptoriamente" e que confia plenamente na Justiça brasileira.
O magistrado considerou "incabível" a solicitação apresentada pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) em petição na segunda (5).
Mendes também negou a suspensão da homologação do acordo assinado no início deste ano que manteve Ednaldo Rodrigues na presidência, pedido feito por Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, nesta quarta.
O ministro alega que não há previsão legal para que a deputada e o vice participem do tipo de ação que discutiu e homologou o acordo que manteve o presidente no comando da entidade.
Desempenho da Seleção
Logo após Ednaldo assumir a presidência da CBF, se iniciou a Copa América no Brasil, ainda em meio às limitações impostas pela pandemia. Comandada por Tite, a Seleção Brasileira chegou à final do torneio, mas acabou com o vice, após derrota para a Argentina, no Maracanã.
Nas Eliminatórias para a Copa do Catar, a Amarelinha seguiu seu bom desempenho de antes da chegada de Ednaldo ao comando. Classificou ao Mundial de 2022 de maneira invicta, com 45 pontos em 51 disputados.
Copa de 2022
No Mundial do Catar, o Brasil passou em primeiro do grupo que tinha Sérvia, Suíça e Camarões, com seis pontos. Nas oitavas, eliminou a Coreia do Sul, por 4 a 0. Acabou desclassificado para a Croácia, nos pênaltis, nas quartas de final.
A eliminação marcou também o último jogo de Tite no comando da Amarelinha. O treinador já havia anunciado que deixaria a função após aquela Copa.
Busca por treinadores
Mesmo sabendo da saída de Tite desde antes do Mundial, a CBF demorou para anunciar um novo nome. À espera de Ancelotti, que tinha contrato com o Real Madrid, os dirigentes optaram por chamar provisoriamente Fernando Diniz para a função, mesmo essa sendo dividida com o Fluminense, seu clube na época.
Antes disso, nos dois primeiros jogos após a Copa, Ramon Diaz, também como interino, comandou a Amarelinha. Os resultados com Diniz não agradaram e, por tanto, sua efetivação não foi concluída.
A ideia era que Ancelotti assumisse em junho de 2024, assim que terminasse seu vínculo com o Real Madrid, para comandar a seleção na Copa América. Passado um ano, no entanto, tudo mudou: o treinador permaneceu no time espanhol e ainda estendeu seu vínculo.
Veio então Dorival. Depois de bom desempenho com Flamengo e São Paulo, o treinador foi contratado pela CBF para comandar a Seleção nas eliminatórias e na Copa América. No entanto, o desempenho da Amarelinha seguiu abaixo, com eliminação precoce no torneio sul-americano.
Depois da demissão de Dorival, em março, a CBF lutou para conseguir um novo comandante para a Seleção. Após uma longa novela, o sonho antigo de Ednaldo, Carlo Ancelotti foi anunciado como treinador da Seleção Brasileira na última segunda-feira (12).