
Dia de Gre-Nal, Dia da Mulher. Dia de focar também em quem vive ao lado de grandes nomes de Grêmio e Inter. A equipe de esportes do Grupo RBS entrevistou as esposas de Braithwaite e Borré. A francesa Anne-Laure e a mexicana Anita poderiam apenas desfrutar dos privilégios que a fama dos maridos já garantiu.
Mas ambas, há mais de uma década, construíram carreiras e mantêm uma rotina intensa como profissionais, empreendedoras, mães e torcedoras. Seja nos tempos de Europa ou, agora, em Porto Alegre, terra do Gre-Nal, elas têm orgulho da trajetória que vêm construindo.
— O que faço quando os filhos vão à escola e o marido está em viagem, jogando? Vou fazer compras? Isso não me interessa, me entedio. Então, o que faço? Eu trabalho — ressalta Anne-Laure Braithwaite, 33 anos, companheira do atacante gremista.
Ela é jornalista, mãe, apaixonada por culinária e gerencia empresas no ramo gastronômico. Anne-Laure nasceu em Toulouse, no sul da França, onde conheceu o rei das dancinhas do Grêmio (jogou no Toulouse entre 2013 e 2017). A união de mais de 10 anos gerou três filhos.
Desafios
Diante das constantes mudanças de clubes dos maridos, manter uma profissão é um desafio extra para quem é casado com jogador. Essa rotina quase levou Anita Caicedo, 29 anos, esposa do colorado Borré, a desistir do plano de fazer faculdade de Jornalismo. Ambos tinham 18 anos quando se conheceram.
— Acompanhar ele no seu sonho me pareceu ótimo no início. Mas, com o tempo, percebi que não precisava deixar os meus de lado. Segui estudando, me graduei na faculdade em Buenos Aires, fui fazendo o meu caminho. Mas foi mais uma luta minha, com tudo o que recebia de preconceito no entorno, que me fazia pensar que não podia fazer.
Apesar de ter nascido no México, Anita se diz colombiana de coração. Desde a infância teve o futebol muito presente em sua vida, e esse amor foi o que a levou a querer fazer Jornalismo e a conhecer seu marido, com quem tem dois filhos. E esse amor surgiu quando ambos viviam em Cali, na Colômbia.
— Desde muito jovem foi fácil para eu falar e expressar o que eu via no campo, porque vou ao estádio desde criança, entendi como a vida funcionava através desse esporte, o que é maravilhoso — conta Anita, torcedora do Deportivo Cali.
O gosto pelo futebol é parte de um dos projetos da jornalista, que vai trazer uma visão sobre os clássicos do Brasil, mostrando o que há por trás desses jogos e de onde vem a rivalidade. Além disso, ela tem o hábito de compartilhar vídeos nas redes sociais de pontos turísticos da capital gaúcha.
Diferentemente de Anita, Anne-Laure trabalhava com a área esportiva, mas não era sua grande paixão. Depois da pandemia, com Martin já no Barcelona, ela transformou o amor pela gastronomia em uma oportunidade de negócio. A Braithwaite's Kitchen nasceu como um serviço de chefs, para famílias, mas, com o êxito, chamou atenção de empresas e expandiu. Com o tempo, veio também o restaurante Playa Paris, em Barcelona. Há planos de abrir uma filial em Porto Alegre.
— Muitas vezes, os restaurantes franceses parecem algo muito distante, chique. Para mim, a comida francesa não é isso, a comida francesa é algo de casa, que minha mãe e minha avó faziam, que comemos todos juntos, algo mais familiar, mais simples. Então, é isso que eu fiz em Barcelona, no Playa Paris. Se chama assim, porque é um pedacinho de Paris no meio da praia em Barcelona. É um projeto importante pra mim, e agora estamos aqui em Porto Alegre, minha vida é aqui, então deve acontecer.
Adaptação a Porto Alegre
Anne-Laure e Anita garantem que estão gostando muito de Porto Alegre, mas nem sempre é assim. Na última temporada, a família de Borré não se adaptou à Alemanha por conta da língua e da cultura.
— Não vou bancar a vítima nem vitimizar as esposas de jogadores, mas é um mundo difícil. Às vezes, você vai para países e cidades onde ninguém te conhece, ninguém entende. Você não sabe pedir um ovo no supermercado ou pedir remédio na farmácia. Começar sempre do zero, com tanta frequência, em cidades que nem falam a sua língua, é difícil. Mas quando há amor, seguimos em frente e vamos resolvendo no caminho — resume Anita.
E Porto Alegre ficará ainda mais bonita para uma delas após o Gauchão. A festa pelo octa gremista ou pelo fim da seca de títulos por parte do Colorado promete ser inesquecível, mesmo para quem conhece há pouco tempo a cultura do Rio Grande do Sul.



