O ex-técnico da seleção chinesa de futebol Li Tie foi condenado, nesta sexta-feira (13), a 20 anos de prisão por pagar e aceitar subornos, no mais recente episódio de uma campanha contra a corrupção no esporte no gigante asiático.
Várias autoridades do futebol chinês foram presas por corrupção como resultado da campanha lançada pelo presidente Xi Jinping, um amante confesso do esporte, que ele tentou promover no início de seu mandato com o objetivo de sediar e vencer uma Copa do Mundo.
O mais recente a cair, o técnico entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, é uma lenda do futebol na China, que ganhou destaque como meio-campista do Everton no Campeonato Inglês e jogou quase 100 partidas pela seleção chinesa.
Um tribunal na província central de Hubei anunciou nesta sexta-feira que ele havia sido condenado a "uma pena fixa de 20 anos de prisão" por uma série de crimes de suborno.
A emissora estatal CCTV disse que Li usou sua posição para obter cerca de 51 milhões de yuans (41 milhões de reais) em subornos em troca da convocação de determinados jogadores para a equipe nacional ou para ajudá-los a assinar com outros clubes.
Li também "pediu ajuda de outros" para se tornar técnico da equipe nacional em 2019 e, durante esse ano, pagou até um milhão de yuans (831 mil reais) para tal fim, de acordo com a imprensa.
Ele foi auxiliado nessa estratégia por funcionários de seu antigo clube, o agora extinto Wuhan Zall da Super Liga Chinesa, acrescenta a CCTV.
Além disso, o meio de comunicação lista outras alegações contra Li e seus ex-clubes como pagamento de milhões de dólares em subornos para garantir a transferência de determinados jogadores e manipulação de resultados.
A emissora estatal publicou uma foto do treinador no tribunal usando um moletom preto com capuz e escoltado por dois policiais.
- Confissão televisionada -
O sistema Judiciário da China é rigidamente controlado pelo Partido Comunista no poder e tem uma taxa de condenação de quase 100% em casos criminais.
Mas o veredicto de Li parecia ainda mais claro depois que ele confessou, no início deste ano, ter recebido cerca de US$ 10 milhões (59,4 milhões de reais) em subornos.
Ele também apareceu em um documentário da CCTV de janeiro sobre corrupção no futebol, no qual admitiu ter organizado subornos de US$ 421.000 (2,5 milhões de reais) para ganhar o cargo de técnico principal e ter manipulado resultados na liga chinesa.
"Estou muito arrependido. Eu deveria ter mantido meus pés no chão e seguido o caminho certo", disse o técnico.
Mas "havia certas coisas que eram práticas comuns no futebol naquela época", acrescentou.
As autoridades chinesas anunciaram várias condenações por corrupção contra dirigentes da federação nacional de futebol (CFA) nesta semana.
Na quarta-feira, o ex-secretário-geral Liu Yi e o ex-chefe do colégio de árbitros Tan Hai foram condenados a 11 e seis anos de prisão, respectivamente, por suborno.
Um dia antes, o ex-chefe de planejamento estratégico Qi Jun recebeu uma sentença de sete anos.
E o ex-chefe da CFA, Chen Xuyuan, já havia recebido uma sentença de prisão perpétua em março por aceitar subornos.
Desde que chegou ao poder, há mais de uma década, Xi empreendeu uma campanha anticorrupção para promover a governança ética, embora alguns analistas vejam esse esforço como um meio de expurgar seus rivais políticos.
O futebol da China floresceu no início de seu mandato, com estrelas como o argentino Carlos Tevez, o colombiano Jackson Martinez e o brasileiro Oscar chegando ao campeonato local.
Mas os resultados da equipe nacional masculina ficaram aquém das expectativas: sem disputar uma Copa do Mundo desde 2002, a equipe está em 90º lugar no ranking da Fifa, uma posição acima da pequena ilha caribenha de Curaçao.
* AFP