
Quando se fala em rivais duelando por Libertadores, imediatamente as lembranças remetem à Argentina. Nos últimos cinco anos, os dois maiores clubes de Buenos Aires se cruzaram em três oportunidades. O encontro mais emblemático foi em 2018, quando River Plate e Boca Juniors decidiram o título em Madri, na Espanha, tamanha a belicosidade vivida nas ruas da capital do país vizinho.
— Os clássicos pelas competições internacionais são muito mais especiais do que por torneios locais. As pessoas ficam tensas e ansiosas porque ninguém quer perder por nada no mundo. Vive-se com mais temor de perder do que com vontade de ganhar. No caso do Gre-Nal, o que diferencia é que será pela fase de grupos, que terá uma revanche imediata e a classificação se dará por somatória de pontos. Aqui tivemos jogos assim pela velha Libertadores, nos anos 1980 e 1990. Foram jogos especiais também, mas não com tanta intensidade — recorda Alejandro Panfil, repórter do jornal La Nación.
A lembrança do jornalista argentino faz referência ao antigo formato do torneio, que até 1999 colocava os dois representantes do país na mesma chave. Assim, era muito comum que clássicos fossem disputados ainda na primeira fase. O Uruguai, por exemplo, foi o país que mais vivenciou a rivalidade local na América. Peñarol e Nacional se enfrentaram 38 vezes, integrando o mesmo grupo em nove edições consecutivas (de 1966 a 1974).
— Todas as pessoas que gostam de futebol sabem o que representa o Gre-Nal. Particularmente, acho que é um dos clássicos do mundo com maior paixão. Estive em Porto Alegre cobrindo a Copa América e o jogo do Nacional contra o Inter e vi o que é a rivalidade na cidade. Não sei quem pode chegar melhor, mas neste tipo de partidas há uma paridade muito grande. Serão dias complicados em Porto Alegre, mas muito lindos. Tenho algum tipo de inveja. Aqui, no Uruguai, o país para quando jogam Nacional e Peñarol — atesta Guillermo Lorenzotti, da Rádio Oriental, de Montevidéu.
Não serão apenas os uruguaios que estarão de olho nos confrontos entre gremistas e colorados. Apesar de ser um clássico novato em Libertadores, o Gre-Nal ganhará espaço na mídia sul-americana. Seja para acompanhar o Grêmio (campeão e semifinalista do torneio nas últimas três edições) ou o Inter, com suas estrelas estrangeiras, como Guerrero e D'Alessandro.
— Há tempos não temos a sorte de viver um clássico entre Universitário e Alianza Lima pela Libertadores. Grêmio x Inter, sem dúvidas, será uma partida especial. Sabemos que é o duelo mais relevante da cidade, que atrai muita atenção. Aqui, no Peru, se fala mais de Flamengo x Fluminense e Palmeiras x Corinthians. Mas agora que o Guerrero está no Inter, focalizamos no que ele tem feito por aí — destaca Luis Enrique Negrini, repórter da Ecco Rádio, de Lima.