
Uma reflexão pós-crise, uma inspiração dos tempos de Corinthians e uma conversa com Alan Patrick foram decisivas para o técnico Ramón Díaz e seu auxiliar Emiliano Díaz implementarem uma inovação tática no ataque do Inter.
Como resultado, o Colorado adotou um esquema sem um centroavante de ofício e venceu o Botafogo no sábado (4), aplacando a crise que assolava o Beira-Rio.
Inspiração corintiana
Após o empate por 1 a 1 com os corintianos, na quarta (1º), a comissão técnica colorada ficou assustada com a falta de criação da equipe. Desde então, Ramón e Emiliano começaram a refletir sobre o que poderiam fazer para aumentar as chances de gol.
Após conversarem com os demais assistentes sobre o tema, a escolha dos argentinos foi por um modelo semelhante ao adotado nos tempos de Corinthians, quando Yuri Alberto era desfalque: um esquema sem centroavantes.
Com isso, Rafael Borré foi sacado para a entrada de Vitinho. O objetivo principal era ter mais gente para criar as jogadas, mesmo que, para isso, o time abrisse mão de um homem de referência.
Um jogo que serviu de referência para Ramón e Emiliano foi a vitória do Corinthians por 3 a 1 sobre o Vasco, no Brasileirão de 2024, quando ambos trabalhavam no clube paulista. Na ocasião, a dupla de ataque corintiana foi composta por dois atacantes de movimentação: Ángel Romero e Talles Magno.
Curiosamente, a estratégia na ocasião potencializou o rendimento do meia Rodrigo Garro, que, como elemento surpresa, marcou dois gols e decidiu o jogo. O pensamento foi: será que o mesmo não poderia acontecer com Alan Patrick?
Três zagueiros e falso 9
No caso do Inter, porém, houve duas diferenças importantes. A mais chamativa foi a utilização de três zagueiros, devido à vulnerabilidade apresentada pelos laterais. A outra foi o novo posicionamento escolhido para o camisa 10.
Na sexta (3), antes do treinamento da tarde, Ramón e Emiliano conversaram com Alan Patrick e lhe apresentaram a ideia de utilizá-lo como "falso 9".
Ele deveria ora se posicionar na grande área adversária como um típico centroavante, ora recuar até o meio para permitir os ingressos de Carbonero e Vitinho.
A estratégia deu certo. No primeiro tempo, o camisa 10 balançou as redes de dentro da pequena área. Já na segunda etapa, o atleta também foi decisivo ao flutuar atrás dos meio-campistas do Botafogo, abrindo caminho para os dois atacantes de velocidade definirem o jogo, com Vitinho marcando o segundo gol após receber assistência de Carbonero.
Os dois movimentos foram resultados da nova função do atleta.
— Eu precisei me adaptar, atuando como um "falso 9", procurando achar os homens pelos lados, o Carbonero e o Vitinho, que tinham a função de atacar os espaços e machucar a defesa deles. Na sexta, o Ramón me explicou a ideia e eu procurei executar da melhor forma, tentando fazer a leitura dos espaços e flutuar para gerar dúvida na defesa adversária. Com o ataque à profundidade do Carbonero e do Vitinho, conseguimos explorar bem isso — explicou Alan Patrick.
A ideia deve ser repetida em outras oportunidades, possivelmente já no jogo contra o Mirassol, no dia 15, no interior paulista, após a pausa de 10 dias por conta da data Fifa.
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