
É provável que pela primeira vez na história de 116 anos, o Inter tenha dois treinadores ao mesmo tempo. Se não de direito, até porque é proibido nas súmulas, Ramón e Emiliano Díaz são os técnicos de fato. Pai e filho trazem ao Beira-Rio uma parceria que já dura uma década e meia, com regras definidas e controladas. E que causou uma ótima primeira impressão no grupo.
Quando perguntados sobre como funciona essa parceria, a resposta pública vem de Emiliano:
— É uma honra trabalhar com Ramón. Sempre falo que ele é o meu melhor amigo, não é só uma relação de pai e filho. Mas tenho muito claro que sou um auxiliar. Na verdade, somos três auxiliares. E tento ajudar. Sou um cara muito sanguíneo, que aparece em jogos e em treinos.
Mas não é exatamente assim. Emiliano é bem mais do que um simples auxiliar. Tanto que senta ao lado do pai para conceder entrevistas. Alterna-se com ele na área técnica. Nos treinos, grita bem mais do que Ramón.
As atividades, aliás, são bastante elogiadas. Não que os treinos de Roger, seu antecessor, fossem ruins, nada disso. O que jogadores falam a amigos é que a mudança de comissão oxigenou o ambiente.
Como funciona a parceria no dia a dia
Isso tudo ocorre organizadamente. Os 14 anos de parceria de Ramón e Emiliano criaram algumas regras. Desde o Estudiantes, em 2011, quando começaram a atuar juntos, estabeleceram um código de comportamento que não deixe dúvida aos atletas. E replicaram isso sempre.
O atacante Tarik Novais, 22 anos, estava recém saindo da adolescência quando foi comandado pela dupla. Era a temporada 2020/21 no Al-Nasr, dos Emirados Árabes. Os dois chegaram, ainda em meio à pandemia, e lançaram o jovem jogador.
— Foi um privilegio muito grande ter trabalhado com eles. São duas pessoas sensacionais, não só na parte do futebol em si, mas como seres humanos. Ajudaram demais na minha carreira — recorda Tarik, que disputou a Série A-3 de São Paulo pelo Araçatuba no início da temporada e afirma sonhar em voltar a ser treinado pela dupla.
Aí reside um dos segredos para as rápidas adaptações que os dois costumam ter. O trato com os atletas é sempre em alto nível, com respeito e leveza. E uma regra:
— Eles nunca discordaram na nossa frente. O que tinham de resolver era feito de forma particular. Os dois davam treino em conjunto, faziam o trabalho de forma coordenada, que parecia se completar. Nunca vi algo parecido.
O desafio da dupla é terminar sem sobressaltos a temporada 2025. Se possível, conquistar uma vaga na Copa Sul-Americana. E iniciar um trabalho com mais fôlego, solidez e liberdade para a temporada seguinte. Aumentando, assim, a parceria entre pai e filho.
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