
O clima de temor com rebaixamento e sinais de desespero com o choro de D’Alessandro, após o empate com o Corinthians, deu lugar a uma esperança renascida com a vitória sobre o Botafogo. O triunfo sólido de 2 a 0 no Beira-Rio veio com uma nova proposta tática de Ramón e Emiliano Díaz. Os dias de treinos até o confronto com o Mirassol darão tempo para a comissão técnica trabalhar o novo sistema com três zagueiros para a sequência do Brasileirão.
Desde o desembarque dos Díaz em Porto Alegre, o Inter saiu de uma ideia fixa de Roger Machado no 4-2-3-1 para uma série da mudanças ao longo dos jogos. Embora tenham iniciado com o sistema 4-4-2 com um losango no meio-campo como principal diante de Juventude e Corinthians, os argentinos fizeram alterações ao longo das duas primeiras partidas.
Na estreia contra o Juventude, em Caxias do Sul, o 4-4-2 em losango foi usado até o gol de empate do time da casa, aos 18 do segundo tempo. Após as trocas de Tiago Carpini e, principalmente, pela entrada de Ênio, o Ju passou a usar melhor os lados do campo causando dificuldade para a marcação colorada.
Logo depois do empate alviverde, Tabata e Ronaldo entraram nos lugares de Romero e Bruno Henrique. A formação, então, passou para um 4-2-3-1 tendo Carbonero sendo passado para o lado esquerdo deixando de formar uma dupla com Borré.
Inter após as primeiras mudanças contra o Juventude:
Essa segunda formação durou 17 minutos até que Alan Patrick foi sacado para a entrada de centroavante Ricardo Mathias. O Inter, assim, terminou o jogo no 4-4-2 em linha no meio-campo, diferente do losango inicial.
Como o Inter terminou o jogo com o Juventude:
Ensaio para três zagueiros
Diante do Corinthians, no Beira-Rio, o Inter voltou a começar no 4-4-2 com losango no meio, mas novamente teve dificuldades defensivas. No intervalo, com placar desfavorável de 1 a 0, os Díaz promoveram a entrada de Marcado no lugar de Romero mudança a formação para um 3-4-1-2.
A entrada de um terceiro zagueiro ajudou para o Inter encontrar equilíbrio mesmo liberando os laterais para atacar. Ainda no segundo tempo, um terceira formação tática foi usada a partir da saída de Alan Patrick para a entrada de Tabata. O Colorado terminou o jogo no 3-4-3.
Apesar de o Inter ter buscado o empate nos acréscimos com o pênalti sofrido por Bruno Henrique, Emiliano Díaz avaliou que foi errada a decisão de sacar o camisa 10.
— Acho que o Alan não tinha que sair. Falamos com ele, erramos, foi um erro e a gente tem que corrigir também. É normal, porque já faz uma semana que estamos aqui — reconheceu o auxiliar técnico do Inter.
Solução com falso 9
Apesar de admitir o erro, ficou claro que a comissão técnica do Inter tinha o desafio de conciliar o equilíbrio defensivo dado pela formação com três zagueiros com manter a capacidade ofensiva achando o melhor posicionamento para Alan Patrick. A solução encontrada, na partida contra o Botafogo, veio com a saída de Borré e o camisa 10 adiantado para jogar como falso 9.
A formação com Alan Patrick como homem do centro de ataque funcionou com o camisa 10 anotando o primeiro gol, como se fosse um centroavante de origem. Ao longo da partida, ele em muitos momentos recuou tirando a referência dos defensores do Botafogo e gerando espaços aproveitados por outros jogadores. Um deles aconteceu no segundo gol, com Vitinho atacando as costas dos defensores.
— Somos uma comissão que se adapta ao que temos. Tentamos (três zagueiros), porque sabíamos que precisaríamos romper por fora. Temos zagueiros de boa categoria. Fico feliz pela decisão e agradeço ao grupo, porque se eles não aceitam, nada serve — disse Emiliano sobre o novo sistema.
A formação com três zagueiros traz vantagens defensivas com o recuo dos alas para formar uma linha de cinco sem bola. Como Alan Patrick é o homem mais adiantado, os pontas também recuam pelos lados formando uma segunda linha de quatro. A equipe, assim, ganha amplitude na hora de defender reduzindo uma fragilidade mostrada ao longo da temporada com seus laterais. O Colorado quebrou contra o Botafogo uma sequência de 15 jogos levando, pelo menos, um gol.
Ofensivamente, as movimentações de Alan Patrick geraram espaços bem aproveitados por Vitinho e Carbonero. Lógico que o fato de ter sido usado pela primeira vez e até de forma surpreendente ajudou para causar dúvidas em Davide Ancelotti. Os próximos adversários colorados terão mais tempo para se preparar para essa formação, que gera necessidade de Ramón e Emiliado apresentarem variedade dentro dessa formação.
Pelo perfil de constantes mudanças, é possível que o Inter não fique fixo nos três zagueiros até o final da temporada. Se for a escolha, porém, o jogo contra o Botafogo pode ter significado uma arrancada para a mudança de perspectiva no Brasileirão do Inter, de um medo do rebaixamento para uma esperança de Libertadores.
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