
Tem quase um time inteiro de lesionados no Inter. Goleiro, laterais, zagueiros, volante, meia, atacantes. Muscular, ligamentar, trauma. Não houve restrições nem de posições nem de formas.
O time chega ao meio do ano campeão estadual, classificado nas copas, do Brasil e Libertadores, mal no Brasileirão. O preço foi a destruição física do time.
A verdade é que não tem time no país que não sofra com esse desgaste. O excesso de jogos, a dificuldade de repouso e a escassez de treinos acabam com as condições físicas, não só do Inter mas de basicamente todos os envolvidos em três competições.
Vitória, Grêmio, Palmeiras e Flamengo foram alguns dos clubes que tiveram mais de 10 jogadores lesionados desde o início do ano.
— As lesões musculares vão acontecer nesse cenário. Não é nem o número de jogos, é a densidade deles sendo jogados nesse momento. O futebol brasileiro tem a capacidade de ser a melhor liga do mundo, mas enquanto a gente não cuidar bem do jogador e vender o produto como deve ser, os jogos vão ter baixa qualidade — comentou Roger Machado em entrevista coletiva.
É uma síntese do que pensa o Inter. No futebol brasileiro atual, é impossível não se lesionar. O problema é quem. O time perdeu Fernando possivelmente para o resto da temporada, Borré e Valencia ficaram de fora de momentos importantes, Carbonero está há mais de um mês afastado. E o resultado está sendo visto em campo.
Excesso de jogos e intensidade
O fisiologista Rafael Grazioli, doutor em Ciências do Movimento pela UFRGS e atualmente profissional do Criciúma, mostra preocupação pelo crescimento das lesões musculares não só no Brasil, mas também na Europa.
Os atletas estão acabando com os músculos posteriores da coxa. Segundo ele, a cada ano, cresce em 4% o número de jogadores com esses problemas. Logo depois desse tipo, vêm as de joelho.

Isso se deve ao excesso de jogos e também à intensidade deles. Há pesquisas comprovando que as distâncias dos sprints (trechos percorridos acima de 25 km/h) nas principais ligas do mundo aumentaram em torno de 85% ao longo dos últimos anos.
Não cabe mais o boleiro que não dorme de noite, que vai para a resenha.
RAFAEL GRAZIOLI
Doutor em Ciências do Movimento pela UFRGS e atualmente profissional do Criciúma
No Brasil, o caso é pior por conta das distâncias. Viagens longas impedem descanso e treino adequados. Sem especificar o caso do Inter, é claro, mas genericamente, Grazioli aponta uma saída para o jogador profissional de elite:
— A única forma de mudar isso é tendo descanso. Não cabe mais o boleiro que não dorme de noite, que vai para a resenha. (O jogador não se manterá saudável) Se não tem um comprometimento da recuperação, do sono, da alimentação, de realizar sessões de treinamento intensas para conseguir tolerar o jogo.
Além disso, será necessário apontar para outro lado, já indicado por Roger. Os clubes precisarão ter cada vez mais jogadores e lidar com grupos maiores. A consequência é lógica:
— Vai ficar muito caro fazer futebol, precisará trazer mais jogadores. Ou seja, onerar a folha. Esse é o jeito de evitar lançar o Raykkonen, de 16 anos, que há duas semanas eu pouco conhecia, porque perdemos jogadores pelas lesões.
O estudo da Associação Nacional de Condicionamento Físico dos Estados Unidos sobre recuperação física é claro. A pirâmide da recuperação tem na base o sono e o descanso. Sem isso, não é possível iniciar qualquer debate.
Nutrição e hidratação vêm a seguir. Imersão em água é logo depois, seguida por alongamento e atividades, e atividades fisioterápicas, como massagens e criosfera.
A dúvida é como fazer isso em um calendário tão apertado. Possivelmente, depois da parada do Mundial, o Inter vá sofrer novamente. E o jeito vai ser escolher as batalhas. Por isso, a recuperação no Brasileirão é tão urgente.
Os lesionados do Inter
Rochet
- Posição: goleiro
- Lesão: fratura no quarto metacarpo da mão esquerda
- Como se lesionou: levou um chute de Bruno Henrique em jogo contra o Flamengo
- Quando se lesionou: 29/3/2025
- Previsão de retorno: 12/7, contra o Vitória
Bruno Gomes
- Posição: lateral-direito
- Lesão: ruptura de LCA
- Como se lesionou: jogando contra o Guarany de Bagé
- Quando se lesionou: 22/1/2025
- Previsão de retorno: final de novembro
Mercado
- Posição: zagueiro
- Lesão: ruptura de LCA
- Como se lesionou: jogando contra o São Paulo
- Quando se lesionou: 22/9/2024
- Previsão de retorno: 12/7, contra o Vitória
Victor Gabriel
- Posição: zagueiro
- Lesão: ligamento tornozelo
- Como se lesionou: jogando contra o Maracanã
- Quando se lesionou: 23/5/2025
- Previsão de retorno: 12/7, contra o Vitória
Bernabei
- Posição: lateral-esquerdo
- Lesão: muscular grau III
- Como se lesionou: jogando contra o Bahia
- Quando se lesionou: 28/5/2025
- Previsão de retorno: 13/8, contra o Flamengo
Fernando
- Posição: volante
- Lesão: ligamento cruzado posterior do joelho
- Como se lesionou: jogando contra o Fluminense
- Quando se lesionou: 1º/6/2025
- Previsão de retorno: dezembro
Carbonero
- Posição: meia-atacante
- Lesão: muscular grau II na coxa
- Como se lesionou: jogando contra o Fortaleza
- Quando se lesionou: 13/4/2025
- Previsão de retorno: 12/7, contra o Vitória
Valencia
- Posição: atacante
- Lesão: muscular grau II na coxa
- Como se lesionou: jogando contra Atlético Nacional
- Quando se lesionou: 8/5/2025
- Previsão de retorno: 12/6, contra Atlético-MG
Borré
- Posição: atacante
- Lesão: muscular no abdômen
- Como se lesionou: jogando contra o Fluminense
- Quando se lesionou: 1º/6/2025
- Previsão de retorno: 12/7, contra o Vitória
Ricardo Mathias
- Posição: atacante
- Lesão: muscular coxa
- Como se lesionou: jogando contra o Sport
- Quando se lesionou: 25/5/2025
- Previsão de retorno: 12/6 contra o Atlético-MG
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