
Na teoria, é algo positivo para um clube grande estar envolvido nas três principais competições possíveis. Mas, na prática, disputar Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores ao mesmo tempo atrapalha quem não tem um grande grupo homogêneo ou quem tem orçamento limitado.
Essa é a realidade que 2025 escancara, e o Inter é reflexo disso. De sensação do país no ano passado, o time sofre na atual temporada. Não engrena no Brasileirão, penou para ter vantagem mínima no mata-mata e depende da última rodada no torneio continental para garantir a classificação.
Desde a estreia no Brasileirão, em 29 de março, contra o Flamengo, o time tem dois jogos por semana. Muitas partidas são entremeadas por viagens. E outras tantas delas com uma carga emocional pesada, valendo a sequência do ano. E ainda faltam cinco compromissos até o calendário ter uma pausa.
Frutos desse acúmulo de jogos, os desfalques aumentam a cada semana. O Inter perdeu Rochet, Carbonero, Vitinho, Borré e Valencia, todos por lesão. O técnico Roger Machado tentou adaptar o time, mudou esquema, mudou forma de jogar, mudou nomes. Mas o fato é que quem sobrou está claramente sentindo a sequência.
A sequência colorada
Os dias que se aproximam são exemplo disso. Em tese, o adversário mais fraco será o primeiro dos próximos três. O Inter enfrenta o Maracanã pela Copa do Brasil na quinta-feira (22). O time de Maracanaú-CE vendeu o campo e "mandará" o jogo em Florianópolis.
Assim, o ambiente e o deslocamento pesam a favor dos gaúchos, que já têm o 1 a 0 de vantagem da partida da ida. Poderia ser o jogo para fazer preservações, pensar já no duelo com o Sport pelo Brasileirão, competição na qual o Inter pena na 15ª posição.
O problema é que o histórico na Copa do Brasil não permite o descanso. O Inter já foi eliminado por equipes bastante inferiores. Então, mantém o alerta ligado mesmo em um duelo que deveria ser tão desigual.
No domingo (25), visita o Sport, lanterna do Brasileirão. Tivesse vencido o Mirassol em casa, estaria em condição mais tranquila para tirar os mais desgastados e pensar no Bahia, um verdadeiro mata-mata ainda na fase de grupos da Libertadores.
Mas como está em 15º no Campeonato Brasileiro, não pode se dar ao luxo de não vencer em Recife o pior time do campeonato. Assim, Roger precisará dosar as forças e os nomes nos dois compromissos anteriores ao Bahia.
Comparativo
Dos brasileiros envolvidos em três competições, o Inter divide com o Fortaleza as piores campanhas no Brasileirão, em 14º e 15º ambos com 10 pontos, os cearenses acima no saldo de gols. Mas esse desempenho oscilante não se limita aos dois.
A fotografia de maio mostra que apenas o Palmeiras tem um desempenho realmente positivo. O time de Abel Ferreira tem 100% de aproveitamento na Libertadores, lidera o Brasileirão e abriu 1 a 0 fora de casa contra o Ceará, na Copa do Brasil (aliás, é o único que ainda teve um adversário da Série A nessa competição).
Até o Flamengo, maior orçamento do país, tem passado trabalho. No Brasileirão, são quatro pontos atrás do líder. E depende de uma vitória na última rodada para avançar na Libertadores.
Nada disso é novidade. Desde 2019, toda vez que o Inter foi bem na Libertadores não teve sucesso no Brasileirão. Ao mesmo tempo, quando saiu cedo das copas, teve bom desempenho no Campeonato Nacional. Nos dois vice-campeonatos recentes, 2020 e 2022, já tinha sido eliminado da Libertadores (ou Sul-Americana) e Copa do Brasil.
O desafio de Roger é encontrar o equilíbrio. Pela primeira vez, o calendário aponta uma folga para 16 equipes da Série A. Enquanto Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo estarão envolvidos no Mundial de Clubes, os demais terão tempo de descanso e uma intertemporada para buscar reforços, melhorar fisicamente e avançar taticamente.
Para ter tranquilidade nessa parada, porém, precisa sobreviver nas duas Copas e não estar no Z-4. Muito desse cenário se decide nos próximos 10 dias.
Os brasileiros na Libertadores, Copa do Brasil e no Brasileirão
Palmeiras
- Brasileirão — líder (22 pontos)
- Libertadores — classificado
- Copa do Brasil — vantagem na ida, decide em casa (1x0 vs Ceará)
Flamengo
- Brasileirão — 2º lugar (18 pontos)
- Libertadores — precisa vencer par avançar
- Copa do Brasil — vantagem na ida, decide em casa (1x0 vs Botafogo-PB)
Bahia
- Brasileirão — 6º lugar (15 pontos)
- Libertadores — precisa vencer para avançar
- Copa do Brasil — vantagem na ida, decide em casa (1x0 vs Paysandu)
Botafogo
- Brasileirão — 10º lugar (12 pontos)
- Libertadores — precisa vencer para avançar
- Copa do Brasil — vantagem na ida, decide fora (4x0 vs Capital-DF)
São Paulo
- Brasileirão — 11º lugar (12 pontos)
- Libertadores — classificado
- Copa do Brasil — vantagem na ida, decide fora (2x1 vs Náutico)
Fortaleza
- Brasileirão — 14º lugar (10 pontos)
- Libertadores — precisa empatar para avançar
- Copa do Brasil — empate na ida, decide em casa (1x1 vs Retrô-PE)
Inter em três competições
2019
- Copa do Brasil — vice-campeão
- Libertadores — quartas de final
- Brasileirão — 7º lugar
2020
- Copa do Brasil — oitavas de final
- Libertadores — oitavas de final
- Brasileirão — vice-campeão
2021
- Copa do Brasil — 3ª fase
- Libertadores — oitavas de final
- Brasileirão — 12º lugar
2022
- Copa do Brasil — 1ª fase
- Sul-Americana — quartas de final
- Brasileirão — vice-campeão
2023
- Copa do Brasil — oitavas de final
- Libertadores — semifinal
- Brasileirão — 9º lugar
2024
- Copa do Brasil — 3ª fase
- Copa Sul-Americana — playoff
- Brasileirão — 5º lugar
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