
O fair play financeiro foi o tema trabalhado nesta sexta-feira (16), no II Simpósio de Direito Esportivo, nas Laranjeiras, a sede do Fluminense. Estiveram presentes os presidentes Mário Bittencourt (Fluminense), Alessandro Barcellos (Inter), Luiz Eduardo Baptista (Flamengo), assim como o CEO do Fortaleza, Marcelo Paz.
Segundo o GE, a conversa teve como ponto principal uma proposta para combater os clubes mal pagadores. Para o presidente do Fluminense, a solução é impedir que as equipes escalem jogadores que ainda não pagaram.
— A Fifa já controla os pagamentos. Mas tem uma solução simples: não pagou, não pode jogar. Se comprou o jogador e não pagou, não joga. Basta o clube notificar por e-mail. Se você tirá-lo da rodada, você já volta a ter o equilíbrio competitivo. Não precisa ter transferban, é só impedir quem não pagou de jogar. Automaticamente, ele (clube) vai parar de contratar. Isso pode ser implementado numa reunião de Conselho Técnico — disse Mário Bittencourt.
Durante o evento, os presidentes trouxeram o Corinthians como exemplo negativo deste cenário em duas oportunidades. Entre as amostragens, foi levantado que o time paulista contratou diversos jogadores na janela de transferências da metade de 2024 e não honrou seus compromissos. Ainda, conseguiu deixar a parte de baixo da tabela e se classificar para a Pré-Libertadores.
Presidente do Inter se posiciona
Alessandro Barcellos concordou com o ponto levantado por Bittencourt. Contudo, ele questionou sobre qual órgão deveria controlar o fair play financeiro no Brasil.
— Vamos montar um fair play financeiro, mas precisa ter um controlador. Vai ser essa CBF que está aí? A CBF ou será quem? Nós vamos ter capacidade de construir uma liga que terá instrumentos para controlar o fair play financeiro? Concordo com todas as reflexões. Acho que o fair play financeiro não pode ser algo limitador. Espero que ele tenha o processo completa, que envolva todas as questões que envolvem o futebol. Nós temos dívidas de atletas que nem estão mais aqui. Contas a pagar que muitas vezes são menores do que contas a receber — disse o presidente colorado, um dia após Ednaldo Rodrigues ser destituído do cargo de presidente da CBF.
Algo que chamou a atenção foi a presença de Barcellos ao lado de Bap, presidente do Flamengo. O Colorado possui uma dívida com os cariocas em relação à contratação de Thiago Maia, em 2024. Em 2025, o Inter tentou transferir a dívida ao Santos, que tinha interesse no jogador.
— Nós não temos diferença de pensamento sobre o futebol brasileiro. Temos circunstâncias. O Internacional de hoje pode ter sido o Flamengo de ontem. O Fla de hoje pode ser o Inter de amanhã. Em relação aos aspectos financeiros. O que precisamos é pensar soluções que elevem o futebol brasileiro a outro patamar. Isso só será possível se a gente considerar as diferenças de governança, políticas, e financeiras — respondeu Barcellos.
Críticas às SAFs
No painel, Bap foi o primeiro a comentar sobre as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) no Brasil. Apesar de não citar nomes, ele citou que existem donos de clubes que não honram com os pagamentos.
— Sugestão do Mário é boa, simples, fácil e rápida de implementar. Mas entendo que com o tempo deva haver punições esportivas de perda de pontos. Tem SAFs, clubes de tamanhos diferentes... [...] "Ah, mas clube virando SAF vai pagar tudo". Tem clubes reconhecidamente fortes hoje em dia que viraram SAF e não pagam ninguém. Onde não houver sanção, não acredito que haverá solução, pelo menos nesse aspecto - disse o presidente flamenguista.