
A grande polêmica da nona rodada do Brasileirão, sem dúvidas, passou pelo Beira-Rio. No primeiro gol da vitória do Inter sobre o Bahia, Rodrigo Lindoso parecia estar em posição irregular. Por isso, após a marcação do auxiliar, o árbitro Paulo Roberto Alves anotou o impedimento. Porém, minutos depois, sob orientação do VAR, o lance foi validado.
— A imagem da transmissão dá a impressão total do impedimento, que o Lindoso está à frente. Mas eu tenho que levar em consideração, pela demora que teve para a tomada da decisão, que o lance foi marcado pela câmera tridimensional que o VAR tem acesso e que nós não temos. Sinceramente, só essa câmera pode dar o veredicto final para que eu mudar de opinião — analisa Márcio Chagas, comentarista de arbitragem da RBS TV.
Diante desta situação, Chagas é enfático ao cobrar transparência da CBF, para que se divulgue a imagem que encerraria a discussão.
— Pelo tempo que frequentei os espaços de arbitragem, acredito que não vão divulgar, mas seria o ideal porque já é o terceiro jogo que se coloca em dúvidas o uso do VAR. Está se banalizando um recurso que deveria chegar para sanar qualquer tipo de dúvidas. O VAR devia corrigir, e não gerar mais dúvidas — completa o ex-árbitro gaúcho.
A mesma opinião é compartilhada por Sálvio Spínola, outro ex-juiz do quadro da CBF, que hoje atua como comentarista da Rede Globo.
— Na minha opinião, a CBF tem que divulgar a imagem com tecnologia em 3D que ela usa. Tem um software com quadro a quadro, com linhas em três cores, de alta precisão, que é o mesmo usado pela Fifa. Na abertura da Copa do Mundo feminina teve um lance muito igual e a computação gráfica mostrou que existia a posição legal. Estamos comentando um lance que está fechado na cabine. Só pela imagem da TV não dá. Tem que ter a imagem da computação gráfica — disse Spínola.
Em sua manifestação na Central do Apito, pela transmissão ao vivo pela Premiere, ainda na noite desta quarta-feira (12), Sandro Meira Ricci confiou que o lance foi validado com razão.
— É melhor a demora com acerto que a pressa com erro. É um lance muito complicado. É um lance que precisa da linha de três dimensões para analisar a inclinação do Lindoso. Eu não desafio a tecnologia sei que ela é precisa. Se não houve erro humano, eu confio na tecnologia e digo que esse gol foi legal. Seria melhor agora a CBF divulgar a imagem da tecnologia para todos terem acesso e não ficar essa dúvida no ar" — comentou Ricci.
Acima da discussão, Márcio Chagas pede que os árbitros passem por um treinamento mais apurado para utilizar o VAR.
— Não adianta fazer curso de uma semana para um campeonato que dura o ano inteiro. Sei que é difícil porque não é profissionalizado, mas o treinamento para operar este recurso deveria ser semanal. Por mais que tenha o curso intensivo, sempre gera uma dúvida. Não estou dizendo que ontem (quarta-feira) teve isso, mas quanto mais você manusear, apitar e escrever, mais vai se sentir à vontade para agir — conclui Chagas.