
Ex-vice de futebol do Grêmio, Odorico Roman é um dos pré-candidatos à presidência do clube. Apoiado pelos empresários Marcelo Marques e Celso Rigo, ele terá de somar mais de 20% dos votos no Conselho Deliberativo no dia 23 de outubro para avançar ao pátio. A eleição aberta aos sócios será realizada no dia 8 de novembro.
Tanto Odorico quanto Paulo Caleffi, outro pré-candidato, foram entrevistados no programa Zona Mista, nesta segunda-feira (13), no YouTube de GZH. Cada candidato teve 1h para responder perguntas feitas pelos comunicadores do Grupo RBS Eduardo Gabardo, Marco Souza e Queki.
Odorico Roman é economista. Entrou no Conselho Deliberativo do Grêmio em 2010. Integrou as direções das gestões Fábio Koff (2013/2014) e de Romildo Bolzan (2015/2016). Em 2016, ingressou no departamento de futebol, tendo atuado como diretor e depois vice-presidente. Participou das campanhas da conquista da Copa do Brasil e da Libertadores.
No programa, foram abordados temas como: treinador, estrutura do departamento de futebol, Arena, base gremista, futebol feminino, entre outros. Abaixo, Zero Hora detalha na íntegra a participação de Caleffi.
Confira a participação de Odorico Roman no Zona Mista na íntegra
Confira as respostas de Odorico Roman na íntegra
Permanência de Mano Menezes
— O Mano Menezes é um dos grandes treinadores brasileiros, é uma pessoa muito experiente, que sabe organizar time. Ele teve um pouco de dificuldade no início, talvez a última janela colocou alguns jogadores que ele conseguiu organizar melhor o time. E nós vamos avaliar. Ele é o técnico do Grêmio, nós estamos torcendo por ele, é uma possibilidade de manutenção para o ano que vem.
Possível retorno de Renato Portaluppi?
— Tenho um grande carinho pelo Renato. Fui vitorioso com ele, ganhamos a Copa do Brasil, ganhamos a Libertadores, a torcida lembra muito bem da festa que foi. O Renato é um grande ídolo do Grêmio, um excelente jogador que marcou época, treinador vitorioso. A gente tem que avaliar que, na última passagem do Renato por aqui foi muito estressante para todos, especificamente para o Renato também, que morava longe da sua família. Nós tivemos a enchente, um episódio que foi muito desgastante. E o Renato, quando saiu, manifestou que gostaria de descansar um pouco, estava precisando dar um tempo, voltar lá para o Rio de Janeiro, que ele ama tanto. Então, a gente tem que respeitar isso. O nosso posicionamento é de que o técnico do Grêmio é o Mano e vamos deixar o Mano trabalhar.
Aporte de Celso Rigo e estruturação da dívida
— Nós temos o Celso Rigo, que é um empresário também bem sucedido, que tem condições de fazer aportes no Grêmio. Mas o principal que eu quero referir é que o Grêmio tem um orçamento de 500 milhões, que a gente espera rapidamente chegar a R$ 700, R$ 800 ou a R$ 1 bilhão. E o Grêmio não pode ficar baseado em ter doações ou aportes de fora. O Grêmio precisa aprender a conviver e a viver com o seu orçamento. Então, é para isso que nós temos um plano de gestão, nós temos um projeto para sanar o Grêmio financeiramente.
— Uma das primeiras coisas que nós vamos fazer é estruturar essa dívida do Grêmio, nós vamos regularizar o fluxo de caixa do Grêmio para o Grêmio ter condições de usar o seu orçamento para contratações de jogadores e para manter o departamento de futebol.
Como aumentar as receitas do Grêmio
— Uma das primeiras coisas que nós precisamos fazer é largar a mão do Coirmão. E o Grêmio buscar o seu patrocinador e não dividir mais a verba de patrocínio de um único patrocinador. Nós vamos fazer isso. Uma outra questão, é que nós queremos explorar a Arena. Uma segunda linha é a exploração de catering, de venda de camarotes, que a gente estima que é possível arrecadar em torno de 21 milhões com venda de camarotes, aluguéis de lojas. Fora isso, nós temos naming rights. Em uma pesquisa rápida, a gente viu que, por exemplo, o São Paulo vendeu os naming rights por 30 milhões. A gente entende que pode conseguir lá no Grêmio em torno de 15 a 20 milhões pelos naming rights.
Como a gestão vai contratar
— Eu acredito muito em dados, acredito em análise científica e estatística. Nós pretendemos ter um "head scout", que é o coordenador de análise de mercado que vai ter uma equipe de pessoas qualificadas, coletando dados, fazendo análises estatísticas, para nós diminuirmos a quantidade de erros que existem em contratações no Grêmio. Aliás, não é só no Grêmio. Muitos clubes erram. Se tornou muito caro errar em futebol. Então nós vamos trabalhar muito firme na questão de análise de dados, análise estatística, para encontrar os jogadores que nós entendemos que o Grêmio precisa, claro, dentro do modelo de jogo definido com o treinador. Porque não adianta o dirigente querer um jogador que não vai encaixar no modelo de jogo que o treinador vai usar.
Composição do Departamento de Futebol
— Nós queremos ter na estrutura remunerada, na estrutura executiva do Grêmio, um "manager" que, no nosso pensamento, é o Felipão. O Felipão é uma referência que o Grêmio tem, uma referência mundial em termos de conhecimento de futebol. O Felipão é uma lenda dentro do Grêmio. Nós pretendemos manter o Felipão com a função de "manager". Aí teremos um diretor executivo, teremos esse "head scout", que será o profissional responsável pela avaliação do mercado, entre outras coisas. Nós pretendemos também ter, e já existe na estrutura do Grêmio, um Diretor da Base, que é muito importante, e um Diretor do Futebol Feminino, que são dois outros pilares importantíssimos.
Investimento no futebol feminino
— Nós vamos investir mais no futebol feminino. Nós entendemos que 15,9 milhões não chega a 1,5 milhão por mês de custo do futebol feminino. Isso aí, em termos de poder, colocar o time do Grêmio feminino em condições de disputar títulos, não é suficiente. E nós pretendemos começar a ganhar títulos também no futebol feminino, porque é um mercado novo, é um mercado que pode atrair um outro segmento de público, até o mesmo segmento que gosta de futebol masculino. E, sem dúvida nenhuma, vai ser, sim, um ponto de atenção nosso.
Aproveitamento das categorias de base
— Sou um entusiasta da base, de investir na base. Uma das coisas que nós faremos imediatamente, tomando posse, vai ser solicitar um diagnóstico de tudo o que está acontecendo na base. Se a metodologia é adequada e está sendo aplicada. Se os equipamentos que tem na base são equipamentos modernos e suficientes para preparar o pessoal.
— Apesar de que a base do Grêmio é uma base que forma muitos bons jogadores, nós queremos aperfeiçoar ainda mais para ter mais jogadores oriundos da base atuando no time principal. Eu tenho como objetivo inicial, e eu acho que é pouco, mas é um objetivo inicial, que a base forneça ao menos três jogadores para o profissional por temporada. Eu acho que a gente pode depois ampliar isso para cinco.
— Esse é o caminho, que a gente diz o caminho normal, o caminho desejável. Que o jogador seja formado, que ele entre no time principal, que ele dê uma contribuição desportiva. Quando houver uma proposta irrecusável, que a gente consiga transformar isso em recursos para reinvestir no clube. Então, uma questão de organizar o clube também financeiramente. Para você não ter que vender o jogador para pagar salários. Isso é muito ruim. Organizar o time financeiramente significa também dar condições de que os meninos que venham da base possam ter o seu estágio no time principal.
Arena será aberta a shows?
— O Marcelo Marques falou uma frase logo que ele comprou a Arena que diz: "Show agora só o time. Show no gramado, só o time". A experiência que nós temos de ver as condições que ficavam o gramado da Arena depois de um show era realmente lamentável. Botar o time para jogar em um gramado amarelado, prejudicado pela falta de exposição à luz, é muito triste. Eu não gostava daquilo. Mas eu penso assim, a Arena tem muito espaço vazio. É possível fazer eventos dentro da Arena sem danificar o gramado, sem prejudicar o gramado.
Gramado artificial
— Eu não gosto de grama artificial na Arena. O Marcelo fez o investimento, aliás a equipe do Marcelo, que foi lá para dentro da Arena, capitaneada pelo Marlon, está fazendo um trabalho muito bom. Foram feitas melhorias fantásticas.
Atendimento aos torcedores
— Nós vamos aumentar o quadro social, nós vamos fazer check-in. Uma das primeiras medidas como presidente será estabelecer o check-in para aumentar o público na Arena.
— Existem dois caminhos para captar receita. Um é uma coisa mais rápida, que tu tem os investidores, e outro é a formação de uma base de torcedores, que é uma coisa que demora mais até tu ter uma massa de torcedores, novos associados que passem a contribuir e possam gerar essa massa de recursos. Então, no momento da largada, vai ter que ser um trabalho emergencial mesmo. Mas nós vamos sim trabalhar para aumentar a base de associados do Grêmio, aumentar as rendas do Grêmio com royalties, com produtos. Nós vamos ter linha de produtos que possam atender aos vários nichos de mercado dos torcedores para alavancar essa receita do Grêmio.
— Nós temos uma modalidade que no Grêmio se chama torcedor "Onde Estiver", que paga R$ 29,90 por mês e dá alguns benefícios. Tem desconto na Grêmio Mania, tem desconto em dois parceiros do Grêmio que dão cupons para esses torcedores terem o desconto. Eu acho muito pouco isso. Eu acho que nós temos que ampliar os benefícios, porque aí nós vamos ter mais torcedores querendo participar dessa modalidade, ou até uma nova que se crie e que dê algum tipo de retorno para o torcedor que quer ajudar, mas que também tem que ter um benefício.
Valores dos ingressos
— A nossa ideia aqui é assim: facilitar que o torcedor vá à Arena. E se o preço for um obstáculo, nós vamos ter que administrar isso, porque eu prefiro uma renda menor e o estádio cheio do que uma renda um pouco maior, mas com espaços vazios. Não tem nada mais emocionante do que um estádio vibrando, pulsando com o time e torcendo.
Quem será o CEO?
— Alex Leitão. Nós conversamos na eleição passada e tínhamos acertado com ele. Não acertamos, mas estou conversando com ele. É uma pessoa que tem um conhecimento: trabalhava com a conta da Ambev, do Ronaldo e da CBF. Ele fundou a Octagon. Depois, quando o Flávio Augusto comprou o Orlando City, ele foi contratado como CEO, construíram o estádio, montaram um time, ganharam o título nacional.
O legado de Marcelo Marques na chapa
— O projeto é o mesmo. Obviamente o Marcelo saiu, era uma figura importante, era uma figura carismática. Ele tinha um magnetismo para atrair o torcedor com aquele entusiasmo dele, com aquela vontade de ajudar o Grêmio. Mas o projeto é o mesmo, nós vamos continuar o projeto Marcelo. Nós vamos sanar o Grêmio financeiramente, nós vamos trazer o Grêmio para um patamar de gestão de primeira linha e a partir daí nós vamos ter um time forte.
A favor ou contra SAF?
— SAF, como o modelo de o Grêmio ser vendido para alguém, não. De forma nenhuma. Defendo que o Grêmio não seja vendido, mas existem algumas características na legislação de SAF que podem favorecer, e o Grêmio ser SAF dele mesmo. Existe chance de ganhar algum benefício na legislação de SAF. Mas, por mim, continua no modelo associativo e não vai ter dono. O dono do Grêmio é a torcida, é o associado.
Grêmio em outros esportes
— Cada modalidade dessas precisa ser analisada do ponto de vista de viabilidade econômica. Se houver patrocínio que torne aquilo sustentável, a gente pode investir. O que não pode acontecer é o Grêmio começar a abrir departamentos e ir agregando despesas que não deem o retorno.
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