
A partida do Grêmio contra o Bragantino, marcada por polêmicas de arbitragem, deverá ter repercussões também no judiciário desportivo. Incidentes relatados em súmula e a fala do lateral Marlon após a partida poderão virar objeto de denúncia no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
Conforme apurou a reportagem de Zero Hora, a quarta-feira (8) será decisiva para este tipo de desdobramento. Na sessão da quinta-feira, a Procuradoria irá apresentar as denúncias sobre as partidas mais polêmicas da rodada. Posteriormente, os casos serão levados a julgamento.
No caso do Grêmio, são dois cenários. O primeiro deles diz respeito ao que foi relatado pelo árbitro Lucas Casagrande na súmula do jogo. Neste caso, foram citados o zagueiro Kannemann e o diretor de futebol Guto Peixoto.
No documento oficial do jogo, o árbitro relatou que considerou conduta violenta do argentino no lance com Pedro Henrique. Além disso, apontou que Kannemann se dirigiu de "forma agressiva à arbitragem" no intervalo de partida, usando os seguintes termos: "fala agora o que eu fiz, seu ladrão".
No caso da expulsão, o zagueiro do Grêmio poderá ser enquadrado no artigo 250 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), por praticar ato desleal ou hostil na partida. A suspensão pode ser de uma até três partidas. No entanto, é importante destacar que o clube alega erro de arbitragem neste lance e já solicitou a anulação do cartão junto à CBF.
Pelas ofensas contra a arbitragem são dois artigos previstos. O artigo 243-F prevê punição por "ofender alguém em sua honra". A pena varia de R$ 100 a R$ 100 mil e suspensão de uma a seis partidas. Além disso, o artigo 258 do mesmo código trata sobre conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva.
O parágrafo 2º e inciso II prevê pena em caso “desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar desrespeitosamente contra suas decisões”. Neste caso, a punição pode ser de uma a seis partidas.
Situação de Marlon
Após a derrota em Bragança, Marlon fez críticas fortes sobre a arbitragem. O lateral esteve envolvido no lance polêmico do pênalti, marcado a favor do Bragantino.
— O Grêmio FBPA está sendo categoricamente roubado desde que começou o campeonato. A gente vive numa liga em que você quer melhorar o calendário, mas não tem nem profissionalização dos árbitros. A gente vem de anos e anos de corrupção numa federação onde você não consegue legalizar as coisas. E isso tem muita influência direta no futebol — afirmou Marlon, em um dos trechos da entrevista na transmissão da TV.
Recentemente, o zagueiro Vitão, do Inter, foi denunciado e penalizado em um cenário semelhante. O zagueiro colorado fez críticas fortes sobre a arbitragem após a derrota por 4 a 2 para o Corinthians, em Itaquera.
Vitão foi denunciado pela Procuradoria do STJD no artigo 243-F, sobre "ofender alguém em sua honra, por fato relacionado diretamente ao desporto". O zagueiro pegou dois jogos de suspensão. Posteriormente, o Inter obteve um efeito suspensivo, mas este foi derrubado pelo Pleno do STJD e ele ficou de fora de duas partidas.
A pena prevista para estes casos é de um a seis jogos de suspensão e multa de até R$ 100 mil.
Dirigente também foi citado
A súmula de Bragantino e Grêmio trouxe ainda o relato sobre a conduta do diretor de futebol, Guto Peixoto, em relação à arbitragem. O árbitro detalhou que, no intervalo e após o término da partida, o dirigente se dirigiu protestando contra a arbitragem e precisou ser contido pelo policiamento. Uma das proferidas foi: "você é muito fraco, tem que apitar sub-15, uma vergonha a CBF ter um árbitro como você".
Neste caso, Guto Peixoto poderá ser denunciado pelo artigo 258 do CBJD, que fala em "desrespeitar os árbitros ou a equipe de arbitragem, mesmo sem xingamentos diretos; invadir o campo de jogo ou o local destinado aos árbitros". A punição pode chegar até 180 dias de suspensão.

