
Os 10, 20, quem sabe, 30 mil gremistas que poderiam ter ido à Arena na noite desta terça-feira (13) e ficaram em casa concluíram ao fim do empate em 1 a 1 do Grêmio com o Godoy Cruz terem tomado a decisão certa. Outros 15.472 tricolores encararam a peleja pela Copa Sul-Americana. Saíram do estádio com alto teor de indignação.
As vaias, no momento, não são o maior protesto dos torcedores. A insatisfação suprema se reflete na ausência nas arquibancadas.
— Temos que apoiar sempre, mas nem todo mundo pensa assim — lamenta o estudante João Chaves.
— Sinto falta de estar junto com a galera — completou se companheiro de arquibancada Igor Machado, com uma fileira inteira de lugares vazios aos seus lados.
O local aonde assistiram à partida conta com 120 cadeiras, 118 delas estavam vazias.
Gritos de frangueiro
As maiores manifestações de indignação aconteceram ao término da partida. Gritos de "time sem vergonha" ecoaram. O goleiro Tiago Volpi foi o último a deixar o gramado. A Arena contava com poucas dezenas de gremistas quando ele concedia entrevistas ainda no gramado. Foi possível ouvir gritos de "frangueiro" e outras palavras menos elogiosas enquanto atendia os repórteres. Ele falhou no gol dos argentinos.
Enquanto a bola rolou, as reações estavam longe de ser coléricas. Havia frustração, irritação e lamentação, mas em doses amenas se comparadas com outras crises de desempenho do time.
Em alguns momentos, se o técnico Mano Menezes fizesse o exercício de tentar entender o jogo virado para a arquibancada, através das reações dos torcedores, teria dificuldade de compreender o que ocorria em campo.
Por longos períodos, pairava um ar de indiferença com o som dos instrumentos de uma das organizadas entre sussurros dos torcedores. Mas ao término do primeiro tempo, Mano entendeu bem qual era o espírito. Ao ir em direção ao vestiário, espalmou as duas mãos e pediu calma.
Estreia na Arena
O apoio se transformou em reclamação após os 30 minutos do primeiro tempo. Ali surgiram os primeiros murmurinhos. Vaias para bolas recuadas, lentidão, erros de passe e afins se tornaram mais constantes.
Mesmo quando o jogo escorria para um empate insosso, a torcida não despejou a indignação em algum nome específico. Quase todos os jogadores gremistas ouviram o que não queriam em jogadas pontuais.
Primeira vez do filho no estádio
O jogo de arquibancadas quase nuas de torcedores também guardará histórias eternas. O professor Marcelo Stumpf aproveitou o jogo com pouco público para levar o filho Caetano, 4 anos, ao estádio pela primeira vez. Os dois estavam em outra área de baixa densidade demográfica na Arena.
— Ainda não processei o que significa esse momento. Não sei descrever muito bem, mas é muito bom — conta.
Coincidências da vida, Caetano pediu para ir no banheiro quando saiu o gol do Godoy Cruz. Voltou para a arquibancada como se o jogo ainda estivesse 1 a 0 para o Grêmio.
— Deixamos a fase ruim para os adultos. As crianças têm de se divertir. Para nós está 1 a 0 - brincou Stumpf.
Ao menos, um gremista saiu feliz da Arena.
Quer receber as notícias mais importantes do Colorado? Clique aqui e se inscreva na newsletter do Inter.