O sistema defensivo foi o calcanhar de Aquiles do Grêmio nas últimas temporadas. Mesmo que tenha sido vice-campeão brasileiro e dono do segundo melhor ataque em 2023, os 56 gols contra (quarta pior defesa) foram determinantes para o Tricolor perder a taça naquele ano. Em 2024, outros 50 foram sofridos, levando a 106 a soma de gols comemorados contra os goleiros gremistas em apenas duas edições do Brasileirão. Resolver esse problema defensivo é uma das missões do técnico Gustavo Quinteros.
E o treinador desembarca em Porto Alegre justamente com o cartaz de ter conquistado o Campeonato Argentino com seu Vélez tendo a melhor defesa da competição. Foram apenas 16 gols sofridos em 27 rodadas, uma média de 0,59 por jogo. A equipe terminou 16 partidas sem ser vazada, a melhor nesse quesito no campeonato. Tudo isso sem deixar de ser ofensiva, já que marcou 38 gols (média de 1,4 por jogo), o segundo melhor ataque do torneio, atrás apenas do Racing, que balançou as redes 42 vezes.
Esse sucesso defensivo se explica por um movimento feito por Gustavo Quinteros em seus trabalhos mais recentes. No Colo Colo, ele contava com Leandro Stillitano como auxiliar focado na parte defensiva. No Vélez, esse papel passou a ser de Leandro Desábato. O ex-zagueiro multicampeão com o Estudiantes é primo de Quinteros e até teve experiências como treinador no clube de La Plata logo após sua aposentadoria — também comandou o pequeno Almagro.
Em 2024, Desábato passou a integrar a comissão técnica de Quinteros, em que tem a responsabilidade de realizar trabalhos específicos para a defesa. Após os jogos, ele analisa acertos e erros do sistema defensivo e busca as correções necessárias ao longo da semana.
Como defende
Gustavo Quinteros é um treinador conhecido por um perfil ofensivo. Dentro da ideia de ter mais a bola que o adversário, seu plano defensivo tem como base a pressão alta. Seus times costumam pressionar os adversários no campo de ataque na busca por rapidamente retomar a bola e atacar novamente.
Para esse funcionamento, Quinteros costuma assumir alguns riscos, como adiantar a linha defensiva. Por isso é importante que ele conte com laterais e, principalmente, com zagueiros rápidos para momentos nos quais o adversário consiga sair da primeira pressão e acionar bolas longas às costas dos defensores.
Quando pressionava alto, era o comum o Vélez sair do seu 4-2-3-1 para o 4-1-4-1 com um dos volantes se juntando ao meio Aquino para ter cinco jogadores adiantados.
Exemplo de posicionamento do Vélez para pressionar alto:
Em um segundo momento, quando não conseguia pressionar alto, o Vélez recuava e passava a se posicionar em bloco médio com pequenas distâncias entre os zagueiros e os atacantes. Quinteros tem a preocupação de evitar que os adversários tenham liberdade na chamada entrelinha, algo que foi problema do Grêmio de Renato nos últimos dois anos. Para isso, o treinador mantém a ideia de assumir alguns riscos adiantando seus defensores.
Exemplo do posicionamento do Vélez em bloco médio com o recuo dos extremas e meia ficando adiantado junto ao centroavante:
Outro ponto importante para o funcionamento da ideia defensiva está na vitalidade dos jogadores. O estilo de Quinteros exige intensidade. A média de idade do time-base titular do Vélez era de 27,7 anos. Apenas três jogadores tinham mais de 30 anos, todos eles do setor ofensivo. Como exemplo, a média de idade da equipe do Grêmio na última rodada do Brasileirão foi de 31,4 anos.
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