Depois do título gaúcho da última quarta-feira (17) e do banho de energético dado pelos jogadores do Grêmio, o técnico Renato Portaluppi começou a conceder sua entrevista coletiva. Antes de responder a qualquer pergunta, agradeceu algumas pessoas. Entre os citados pelo comandante tricolor, apareceu o nome do padre João, capelão da Arena.
— Eu não sei se sou pé-quente, mas a vontade que eu tenho que o Grêmio ganhe é muito grande. Tu sabes que o torcedor é muito supersticioso. Uma ajudazinha do céu sempre ajuda. A gente brinca, mas é um aspecto até um pouco psicológico. Do incentivo, da ajuda e da manifestação de estar jogando com o apoio de alguém superior que está ali te dando inteligência e força para superar o inimigo. Tu sabes que entre gremistas e colorados, não dá para vacilar. Apesar da derrota fazer parte —comentou.
Torcedor gremista, João Tadeu Amorim Fernandes da Silva foi também o padre da capela do Estádio Olímpico, antiga casa tricolor. De lá começou a relação com o treinador e ídolo do clube.
— Eu conhecia o Renato desde os tempos de Olímpico, quando ele ainda era jogador. Começamos a ter uma relação próxima e ele começou a me convidar desde que voltou ao Grêmio. Eu sou capelão do Grêmio desde 1997. Tínhamos missa todos os dias na capela — revela.
Foi a partir desta relação de amizade e fé que Renato conduziu todo o elenco gremista, na última segunda-feira (15), antes do Gre-Nal decisivo, para uma visita à capela da Arena.
— O Renato é um homem de muita fé. Ele é católico. Nós temos, no Grêmio, 50% dos jogadores católicos e 50 % evangélicos. Então, eu sempre digo, não estou falando para um e para outro, estou falando para cristãos, independentemente da igreja. Eu não sou capelão dos católicos, eu sou capelão do Grêmio — explica.
Para o padre, a prova da fé de Renato é a corrente de ouro que ele carrega no pescoço, com a imagem de uma santa. E, dependendo do grau de nervosismo do treinador em dia de jogos, a medalha é levada à boca.
— Aquela medalha já recebeu muita água benta minha. Porque ele fica mordendo o jogo todo. Quando a coisa começa a ficar complicada, ele bota na boca. Eu vejo como um gesto bacana. O ato de ter essa medalhinha e o ato de ficar com ela na boca mordendo, para mim, significa uma oração — analisa o padre.
Agora, passado o clássico, o Tricolor partirá em nova missão. Na próxima terça (23), a equipe enfrenta o Libertad, em Assunção, lutando para seguir viva na Libertadores. Por isso, não se surpreenda se o padre João integrar a delegação.
— Sobre o Paraguai, vamos ter que ver com o Renato. Se for possível, vamos sim. Mas ele sabe que temos uma certa dificuldade de tempo. Creio que se tivermos um momento propício para ir, nós vamos. É só chamar que largamos tudo para ir até lá — brinca ele.