
A seleção brasileira feminina sub-20 está sob novo comando. Anunciada no dia 14 de junho, Camilla Orlando assume a categoria após a saída da técnica Rosana Augusto.
Com 40 anos, a profissional seguirá como treinadora do Palmeiras até o final da temporada. Neste período, dividirá as atenções entre o clube a seleção.
— Na minha opinião, já treino uma seleção. Mas, como sempre falei para vocês, minha missão vai além de onde estou. Quero poder contribuir de uma forma muita positiva para o desenvolvimento do futebol brasileiro — afirmou a treinadora, em manifestação divulgada pelo Palmeiras.
Ex-atleta, Camilla Orlando defendeu as cores do estadunidense Lincoln Memorial Railsplitters e dos brasileiros Cresspom-DF e Capital dentro das quatro linhas. Em 2019, iniciou sua trajetória como treinadora.
Campeã com o Inter

Em Porto Alegre, teve sua primeira experiência à frente das Gurias Coloradas. Comandando o sub-18, foi campeã do Brasileirão feminino da categoria em 2019, com uma campanha de 71% de aproveitamento: oito vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Ao todo, foram 39 gols marcados e apenas 10 sofridos.
À época, a equipe tinha a lateral Bruninha, a zagueira Isa Haas e a atacante Jheniffer, figurinhas recorrentes nas convocações de Arthur Elias. A goleira May, que segue no Inter, também integrava o time.
O auxiliar de Camilla no18 era o técnico David da Silva, que hoje comanda todas as categorias de base das Gurias Coloradas.
— Trabalhávamos em conjunto, nos ajudando mutuamente. Fui seu auxiliar técnico na conquista do Brasileirão sub-18, e ela minha auxiliar na conquista da Libertadores sub-16, em 2020. Temos ainda contato e acredito que ela vai fazer um grande trabalho, torço muito por ela — afirmou o treinador, em contato com ZH.

Estreia no profissional
O destaque que teve à frente da base colorada fez com que recebesse o convite para treinar o Bragantino, em 2020. À época, o clube estava montando o departamento feminino para a disputa do Paulistão.
— Espero ajudar esse grande projeto a conquistar o espaço que merece — afirmou, quando foi apresentada.
E o objetivo foi alcançado. Em 2020, a equipe conquistou a vaga para disputar o Brasileirão Feminino A-2. Em sua estreia no âmbito nacional, terminou com o acesso e o título da competição.

— Um trabalho em equipe, com muito foco no objetivo, não só de ganhar título, mas de desenvolver a modalidade. Mesmo acontecendo com tanta velocidade, as coisas vão ficar cada vez mais difíceis. O plano é continuar com resultados de excelência, de desenvolver os atletas e colocar a cara do clube dentro do jogo — destacou, em entrevista a Zero Hora, ainda em 2021.
Foram sete vitórias, três empates e duas derrotas na campanha de título. Além de 36 gols marcados e seis sofridos.
Desafio à frente de uma seleção
A passagem de Camilla Orlando pelo Bragantino foi interrompida ao final de 2021. Chamada para assumir a seleção dos Emirados Árabes, a treinadora aceitou o desafio e mudou-se para uma nova realidade.
A passagem, porém, foi curta. Camilla Orlando permaneceu à frente da seleção por apenas uma temporada, com três amistosos oficiais e sem vitórias: dois tropeços para o Azerbaijão e um para a Síria.
— Todo o aprendizado e as oportunidades que tive aqui foram muito mais do que apenas dentro de campo. Espero ter deixado um pouco de mim com todos vocês, como minha paixão pelo esporte e por empoderar as mulheres. Porque levo muito comigo deste país jovem e em desenvolvimento — escreveu nas redes sociais, quando despediu-se da seleção.
Passagem pelo Real Brasília

Em março de 2023, a treinadora retornou ao Brasil para comandar um novo clube. Natural do Distrito Federal, Camilla Orlando assumiu um time em casa: o Real Brasília.
Ao longo daquele ano, comandou a equipe em Brasileirão e Candangão. E os objetivos foram alcançados: permanência na elite e título estadual.
Na competição nacional, encerrou a temporada na 11ª colocação. Após a chegada de Camilla, o Real Brasília somou quatro vitórias, dois empates e quatro derrotas. Além de 11 gols marcados e 12 sofridos.
No Candangão, foi campeã com uma campanha invicta. Foram sete vitórias e dois empates, com 50 gols marcados e apenas três sofridos.
Mudança de patamar

Ainda em 2023, Camilla Orlando pôde mudar de patamar no futebol feminino. Contratada para assumir o Palmeiras, conheceu uma nova realidade: alto poder de investimento e grande visibilidade.
— Tenho grandes expectativas para o projeto, com muito trabalho e dedicação para que possamos construir uma equipe forte tanto tecnicamente quanto taticamente, mas, também, com foco na questão mental e física, que são essenciais — ressaltou, quando foi anunciada pelo Palmeiras.
Desde então, Camilla está à frente das Palestrinas. Em duas temporadas, o seu principal feito foi o título do Paulistão Feminino, em 2024. Ao vencer o Corinthians nos pênaltis, o Alviverde voltou a conquistar o título após dois anos.
O resultado fez com que Camilla Orlando também fosse premiada como a melhor treinadora do Paulistão Feminino.
— Muita alegria. São muitos anos de dedicação para poder viver momentos como esse, finais como essa, grandes jogos e poder representar as mulheres. É um grande privilégio. Me sinto lisonjeada — afirmou, à época, em entrevista à Federação Paulista.
Novo desafio
Agora, capacitada com as licenças C, B, A e PRO da CBF, Camilla Orlando assume o comando da seleção brasileira sub-20. Com isso, a treinadora já começou a realizar um sonho que revelou em entrevista a Zero Hora, em outubro de 2021:
— Tenho alguns sonhos e trabalhar na Seleção Brasileira é um deles.
O primeiro capítulo de sua história junto à seleção já está sendo escrito. Agora, as 26 convocadas por Camilla Orlando estão realizando um período de treinos em São Paulo. Os trabalhos são preparatórios para a Copa do Mundo da categoria, que ocorre em 2026.