
Na semana passada, a Fifa apresentou a Trionda, bola oficial da Copa do Mundo de 2026. Como de costume, o item traz inovações em relação às suas antecessoras e tem um design único, com referências à cultura dos três países-sede.
A Seleção Brasileira de Pelé, Tostão, Rivellino, Gérson e Jairzinho não foi o único marco da Copa de 1970. Foi no Mundial do México que a Adidas produziu a primeira bola oficial de uma Copa do Mundo, tradição que dura até hoje. Antes, os modelos usados nas partidas eram produzidos por fábricas do país-sede e, geralmente, escolhidos pelas próprias equipes.
A história da Copa do Mundo se confunde com a história do próprio futebol, uma vez que é no torneio que se plantam as sementes da evolução do esporte — como a introdução do sistema de cartões, do VAR, e de novas formas de se jogar. Por isso, Zero Hora relembrou a história das bolas oficiais da Copa do Mundo e seus avanços.
Bolas oficiais da Copa do Mundo
México 1970 — Telstar

Campeão: Brasil
Um marco na história das Copas do Mundo. Em 1970, a Adidas foi nomeada a fornecedora oficial das bolas dos mundiais e estreou a Telstar, no México. Com pentágonos pretos e hexágonos brancos, a Telstar se tornou uma marca visual que representa o futebol no mundo inteiro. A bola recebeu o nome do satélite de comunicações responsável pelas primeiras transmissões de TV internacionais ao vivo ― incluindo o torneio no México.
Foi com ela nos pés que o Brasil conquistou o tricampeonato mundial com um time histórico. Pelé, no auge aos 29 anos, se tornou o primeiro — e único, até a hoje — jogador três vezes campeão de Copas do Mundo.
Alemanha Ocidental 1974 — Telstar Durlast

Campeão: Alemanha Ocidental
A Telstar voltou para a copa de 1974, dessa vez, com o "sobrenome" Durlast, que era o revestimento de plástico que as tornava resistente à água e à lama. Como manda a tradição da Fifa de usar as Copas do Mundo para implementar inovações no futebol, foi no mundial da Alemanha que o sistema de cartões amarelo e vermelho foi aplicado pela primeira vez. O modelo é inspirado na sinalização de trânsito. Uma forma clara de comunicar as penalidades do campo se mostrou necessária depois de uma confusão nas quartas de final da Copa de 1966, na Inglaterra.
Argentina 1978 — Tango Durlast

Campeão: Argentina
A Tango deu sorte para a Argentina, campeã da Copa do Mundo pela primeira vez, jogando na própria casa. Batizada em homenagem à dança originária do país, a Tango substituiu os pentágonos pretos por tríades curvas em formato de triângulos que se combinavam para formar círculos. Nascia outro clássico.
Espanha 1982 — Tango España

Campeão: Itália
Quatro anos depois, a bola foi rebatizada de Tango España e teve evoluções tecnológicas. Pela primeira vez, a bola foi coberta em poliuretano, marcando o fim da era do revestimento Durlast, e teve as costuras seladas, se tornando impermeável. Isso reduziu drasticamente a absorção de água pela bola, além de minimizar o aumento de peso.
México 1986 — Azteca

Campeão: Argentina
Para a Copa de 86, a Tango voltou repaginada. Com o nome de Azteca, as tríades eram formadas por grafismos típicos do povo asteca, que viveu na região do México entre os séculos 14 e 16. Outra novidade foi o material da bola, constituída inteiramente por material sintético, eliminando o uso de couro e melhorando a impermeabilidade.
Itália 1990 — Etrusco Unico

Campeão: Alemanha
Mais uma vez trazendo a cultura dos povos originários para a bola da Copa, a Etrusco Unico homenageava os etruscos, que viveram no centro e no norte da Itália entre os anos 800 e 100 a.C. As tríades, dessa vez, mostravam um leão de três cabeças com as bocas abertas.
Estados Unidos 1994 — Questra

Campeão: Brasil
Para o design da bola da Copa dos Estados Unidos, a Adidas voltou os olhos para o futuro ao invés do passado. A Questra tinha um tema espacial, com planetas, estrelas e foguetes adornando as tríades. Mais tecnológica, a Questra ganhou uma camada de polietileno, que a tornou mais suave ao toque, mais controlável e de maior velocidade.
França 1998 — Tricolore

Campeão: França
O design da Tricolore foi o mais ousado até então. As bem conhecidas tríades deixaram o preto de lado e ganharam as cores azul e vermelho em referência à bandeira da França, país-sede. Cada tríade apresentava três galos, símbolo nacional francês, estilizados. A Tricolore também representou um salto em tecnologia: o revestimento de espuma sintática feita de microbolas duráveis preenchidas com gás, capaz de aumentar a velocidade da bola. Até hoje essa tecnologia é usada.
Coreia/Japão 2002 — Fevernova

Campeão: Brasil
A virada do milênio trouxe uma nova era para as bolas da Copa. A partir do Mundial de 2022, nenhuma bola seguiu o modelo da anterior, como era tradição — pelo contrário, os designs se tornaram cada vez mais exclusivos.
A Fevernova manteve os recortes em hexágonos e pentágnos, mas com um visual totalmente inovador. A bola apresentava quatro triângulos estilizados nas cores verde, dourado e vermelho, em referência às turbinas eólicas. As inovações trazidas na Tricolore foram melhoradas, e a Fevernova oferecia ainda mais amortecimento e precisão.
Alemanha 2006 — Teamgeist

Campeão: Itália
A Teamgeist representa um marco na evolução do futebol. Para a Copa da Alemanha, em 2006, a Adidas aposentou os 32 recortes da Telstar e criou uma bola com 14 painéis com formato semelhante a hélices e à taça da Copa do Mundo. As partes foram unidas termicamente, e não costuradas. A estrutura fazia com que a bola ficasse a menos de 1% de ser uma esfera perfeita, sendo a bola de melhor performance da história até então.
Em alemão, Teamgeist significa "espírito de equipe". A bola recebeu uma versão alternativa para a grande final entre Itália e França, com mais detalhes dourados. A Teamgeist Berlin, como foi batizada, também apresentou, pela primeira vez, o nome das seleções finalistas, estádio, cidade e horário da partida impressos.
África do Sul 2010 — Jabulani

Campeão: Espanha
Não há quem não lembre da Jabulani. A bola da Copa de 2010 foi um fenômeno e se tornou uma das mais icônicas da história do mundial. Com oito painéis texturizados unidos termicamente e moldados em uma esfera perfeita, a Jabulani era veloz e mudava de direção em pleno ar — o que rendeu fortes reclamações dos goleiros da seleções, incluindo Júlio César, do Brasil, e Gianluigi Buffon, da Itália.
Jabulani significa "celebração" em zulu. A bola foi uma grande homenagem ao continente africano, que recebeu uma Copa do Mundo pela primeira vez em 2010. Ela foi adornada com 11 cores diferentes para simbolizar o número de jogadores de um time de futebol, de línguas oficiais da África do Sul e de cidades-sede da Copa na África do Sul. Ela também recebeu uma versão em dourado para a final, chamada de Jo’bulani, em homenagem à capital Joanesburgo.
Brasil 2014 — Brazuca

Campeão: Alemanha
Depois das polêmicas em torno da performance da Jabulani, a bola da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, passou por um processo de testes mais rigoroso do que qualquer outra antes dela. Foram 600 jogadores profissionais, 30 equipes de cientistas e testes laboratoriais utilizados para atestar a qualidade da Brazuca.
Com menos painéis do que nunca — apenas seis —, os recortes idênticos em formato de hélice traziam as cores laranja, azul, verde, preto e branco em linhas curvas que representam as tradicionais fitas do Senhor do Bonfim. A estrutura superficial e a simetria inovadoras da Brazuca conseguiram melhorar os problemas de aerodinâmica da sua antecessora.
De forma inédita, o nome da bola da Copa foi decidido por meio de votação popular. Mais de um milhão de brasileiros participaram, e Brazuca foi a vencedora. As outras opções eram Carnavalesca e Bossa Nova. Na final entre Alemanha e Argentina, a Brazuca foi adornada nas cores verde, dourado, preto e branco.
Rússia 2018 — Telstar 18

Campeão: França
Passado e futuro se encontraram na Copa da Rússia. Chamada de Telstar 18, o design fazia referência à clássica bola dos anos 1970 e trazia uma grande novidade: a introdução de um chip NFC ("near-field communication") no interior interior que permitia a interações dos torcedores com o objeto por meio do celular.
A Telstar 18 foi confeccionada com seis painéis texturizados colados um no outro. Sobre o fundo branco, blocos formados de pequenos quadrados pretos e cinzas emulavam os pixels das imagens digitais. Dessa vez, a variante, em tons de vermelho, foi usada durante toda a fase de mata-matas.
Catar 2022 — Al Rihla

Campeão: Argentina
A Al Rihla, de 2022, trouxe uma contribuição revolucionária para o futebol. Com a tecnologia Connected Ball ("bola conectada"), os árbitros eram capazes de tomar decisões mais rápidas e precisas, principalmente em relação aos impedimentos.
Com 20 painéis e revestimento de poliuretano, a Al Rihla era veloz precisa no ar. O design com recortes triangulares e cores vibrantes foi inspirado nas dunas e elementos culturais do Catar. Seu nome significa "a jornada" em árabe.


