
Classificado pela primeira vez para a Copa do Mundo, o Uzbequistão vive o seu melhor momento no futebol. O investimento iniciado neste século dá resultados, tornando o esporte o mais popular do país na atualidade.
As boas condições de trabalho e o crescimento da liga local, a Superliga Uzbeque, acaba por atrair jogadores de diferentes lugares do mundo, incluindo Brasil. Neste cenário, o meia Jonatan Lucca, de 31 anos, é um dos brasileiros que atua no país. Desde janeiro, ele defende o Pakhtakor, o maior campeão local.
Jonatan foi criado em Santo Ângelo e integrou a base do Inter até 2012, quando foi negociado com a Roma, sem ter estreado no profissional. Após três anos, foi para o Athletico-PR, mas não se consolidou na equipe.
Após a passagem, atuou por clubes em Índia, Malásia, Israel, Noruega e Portugal. Inclusive, em seu último clube antes de ir para o Uzbequistão, o AVS, foi companheiro do zagueiro Clayton Sampaio, do Inter.
Surpreendido pelo país
O gaúcho foi convidado a jogar no Uzbequistão pelo treinador Pedro Moreira, que trabalhou com Paulo Fonseca, atual comandante do Lyon. Por se tratar de um país pouco conhecido, Jonatan ficou receoso em aceitar a oferta. Contudo, ao pesquisar sobre, não teve dúvidas.
— É que quando a gente fala Uzbequistão, a maioria das pessoas não conhece, mas é um país super desenvolvido. Pelo menos na capital, que tem 8 milhões de habitantes, onde a gente vivia, que eles chamam Tashkent City, parecia Dubai, surreal o lugar. Muito bonito, organizado, tudo novo — diz Jonatan Lucca, que ainda elogiou a segurança no país.
O atleta, que está há um mês no Brasil se recuperando de um rompimento do ligamento cruzado do joelho, revelou que as condições de trabalho no país são semelhantes as de clubes da elite do futebol brasileiro, com centros de treinamentos modernos e salários elevados.
Um país apaixonado pelo futebol

Outro fator que surpreendeu Jonatan Lucca no país foi a paixão do povo local pelo futebol. Segundo o jogador, os jogos do campeonato uzbeque costumam ter boa presença do público, que tem por característica apoiar durante a partida.
— E eles gostam muito, cara. O meu time é da capital. Então, o nosso jogo era cheio, mas com os times fora da capital era muita gente também. Nós íamos jogar e era sempre mais de 30 mil pessoas nos estádios — lembra o meia, que destacou os protestos dos torcedores como pacíficos, tendo apenas diálogo com os atletas.
Da mesma forma, a cobrança nas arquibancadas reflete no campo, com equipes cada vez mais competitivas. Para Jonatan, o futebol uzbeque é organizado, mas tem a velocidade como o seu principal diferencial.
— Me surpreendeu bastante. Os caras correm pra caramba. Assim, eles não tem tanta força física, mas são bem evoluídos tecnicamente. E tem muita correria, bem intenso o jogo. Mas a maioria dos times tentam sair jogando atrás, tentam pressionar alto, dificilmente dão chutão — conta o jogador.
Atualmente, o Pakhtakor está na sexta colocação, após 11 rodadas. Em março, o time jogou as oitavas de final da Champions League da Ásia, contra o Al-Hilal, da Arábia Saudita. Apesar de ter vencido a ida por 1 a 0, perdeu a volta por 4 a 0 e foi eliminado.
A primeira Copa do Mundo
Apesar de estar no Brasil e não ter presenciado a classificação para o Mundial no país, Jonatan Lucca pôde conviver com companheiros de equipe que estão na seleção e viu de perto a empolgação com o momento que se aproximava.
— O contato que eu tinha era com os jogadores do nosso time que estão na seleção. Nós temos, acho que cinco ou seis na seleção, e dava para ver que eles estavam bem ansiosos para ir à Copa. Às vezes, até se poupavam em algum treino e tal, porque estava perto de ter jogos das eliminatórias deles — lembra Jonatan, em tom bem-humorado.
O Uzbequistão confirmou a classificação com uma rodada de antecedência, ao empatar com os Emirados Árabes Unidos, em 0 a 0, fora de casa. Na última rodada, em seus domínios, goleou o Catar por 3 a 0, com o estádio lotado.
A empolgação com o esporte é tão grande que ele ainda destaca a presença de propagandas no país exaltando a seleção nacional, com destaque para os principais jogadores: o zagueiro Khusanov, do Manchester City, e o atacante Shomurodov, da Roma.
— O do City (Khusanov) é o Deus deles. A maioria dos jogadores do meu time jogaram com ele na seleção de base. Então, quando tem jogo, os caras vem comentando. Tu vê as propagandas no país, geralmente é com os dois (Khusanov e Shamuradov), sempre — conclui Jonatan Lucca.