O ex-treinador da Seleção Brasileira e do Inter, Dunga, e o irmão e empresário de Ronaldinho, Roberto Assis Moreira, serão chamados Pelo Ministério Público do Rio de Janeiro a depor sobre conversas que tiveram com o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, preso na terça-feira, no Rio de Janeiro, suspeito de liderar uma quadrilha de cambistas que vendia ingressos cedidos pela Fifa a ONGs e seleções que participam da Copa do Mundo no Brasil.
Justiça brasileira investiga CBF em caso de venda ilegal de ingressos
Os dois foram flagrados em escutas feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em parceria com a Polícia Civil daquele Estado. O promotor Marcos Kac aponta que, além dos dois gaúchos, serão chamados a prestar esclarecimentos também os ex-jogadores Jairzinho, Carlos Alberto Torres, Júnior Baiano e Mozer. Todos aparecem conversando com Lamine. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Dia, Assis trata com o cambista, nas gravações, sobre a venda de ingressos da Copa para um grupo de amigos. Confira um trecho do diálogo:
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Com a palavra: relembre a entrevista de Assis a ZH
Assis : Meus amigos te ligaram. Você não tinha mais ingressos?
Lamine: Dois amigos seus me ligaram e tivemos um pequeno problema. Ele me ligou e 15 dias depois achou que o ingresso era o mesmo. E eu não sou cambista.
Assis: Risos. Claro! Ele me perguntou e eu disse: 'Escuta, eu tenho um amigo que tem seu preço, sua maneira, ... Fala com ele porque eu também não sou cambista. Risos.
Lamine: Eu tenho vip. Tenho muitos vips. Não tenho categoria 3 (...) Onde você está, no Rio?
Fofana foi preso no Rio de Janeiro. Foto: Severino Silva/ Agência O Dia
Em outro ponto da conversa descrita por O Dia, Assis é convidado pelo franco-argelino para uma festa, que teria a exibição de França x Equador, em 25 de junho. Dunga teria ido a essa festa, conforme a investigação. O capitão do Tetra, entretanto, teria sido sucinto ao tratar com o cambista ao telefone.
- Dunga falou com o Mohamadou, mas eles combinam de se encontrar e não falam nada no telefone. Vai ser chamado a esclarecer que tipo de contato tem - explica Marcos Kac.
A previsão do MP do Rio é que os ex-jogadores comecem a ser chamados a depor na próxima semana. Assis estaria na China e será contatado ao retornar. ZH tentou contato por telefone com Assis e Dunga, mas eles não atenderam as ligações nem retornaram recados até as 16h30min desta quarta-feira. Kac informou que não há informações sobre ligação do franco-argelino com jogadores e integrantes da comissão técnica atual da Seleção Brasileira.
Batizada de Operação Jules Rimet, a investigação que culminou com a prisão de 11 suspeitos - nove no Rio e dois em São Paulo - começou há cerca de três meses. Sete suspeitos estão foragidos e três empresas de turismo foram fechadas. Os detidos são acusados de cambismo, associação criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo a venda ilegal de ingressos para jogos da Copa. A investigação aponta para o envolvimento de integrantes da Fifa e de federações de países que vão jogar a Copa.
- Não está 100% claro, mas há uma grande certeza. Integrantes de federações nacionais, como a brasileira, espanhola e argentina - revela Kac.
Mohamadou Lamine Fofana foi preso na manhã de terça-feira no apartamento de três quartos que alugou num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio.
- Tenho elementos suficientes para entender que ele estaria associado a algum membro da Fifa - disse o delegado Fábio Barucke, da 18ª DP (Praça da Bandeira), responsável pela investigação.
Com o franco-argelino foram apreendidos vários ingressos de camarotes da Match Hospitality, única empresa autorizada pela Fifa a revender e negociar esses pacotes. Os bilhetes estavam em nome das empresas Pamodzi Sports Marketing, Atlanta Sportif International, Jet Set Sports e Reliance Industries Ltd.
Segundo as investigações, as margens de lucro da quadrilha variavam de 200% a 1.000%.
- Só no jogo entre Brasil e Camarões, eles lucraram R$ 500 mil com a venda de 22 ingressos - disse Barucke.
Para a final da Copa, no dia 13 de julho, no Maracanã, planejavam obter R$ 35 mil com a venda de um só ingresso, de arquibancada.
Conforme o promotor, houve venda de ingressos para todas as 12 sedes do Mundial. Kac acredita que o grupo de criminosos não tenha ligação com os responsáveis pela vinda de um grupo de argelinos ao Brasil que acabou sem entradas para a partida entre Argélia e Coreia do sul, no Beira-Rio.
- Eles entregam o que prometem, bem caro, mas entregam - resume o promotor.
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* ZH Esportes, com agências